Devo vender meu título do Tesouro Direto quando a taxa de juros sobe ou quando cai? Este artigo vai te responder.
Quando o governo gasta mais do que arrecada de impostos, taxas, etc, ou ele deixa de pagar os compromissos (calote) ou toma emprestado da sociedade. A segunda alternativa obriga o governo a criar uma dívida pública. Essa dívida é realizada quando ele vende títulos públicos e é extinta quando devolve aos que lhe emprestaram o mesmo montante acrescido de juros numa data futura. Geralmente os títulos públicos são comprados por pessoas físicas, bancos, fundos de investimento, etc.
A taxa de juros que incide sobre o valor "emprestado" (preço de compra) ao governo é acertada no momento da compra do título do Tesouro Direto. O investidor recebe o montante, valor de compra mais juros, no prazo acordado, se e somente se, o título for carregado até o seu vencimento. Caso o título seja vendido antecipadamente, o preço será o valor de mercado que é determinado pela taxa de juros vigente no dia da venda. Resumindo, todos os dias o título pode mudar de preço, já que as taxas de mercado mudam e as datas para o vencimento também, e isso afasta a possibilidade de se conseguir a mesma rentabilidade.
O valor do título, disponível no site do Tesouro Direto (https://www.tesourodireto.com.br), considera as variações de taxa e o prazo para o vencimento. Quando o título é resgatado antecipadamente, ele é atualizado de acordo com o preço que é negociado no mercado naquele momento, procedimento conhecido como marcação a mercado.
Quando se leva (carrega) o título até seu vencimento, o montante recebido ou preço na curva será o valor nominal pelo qual se pagou o título na contratação multiplicado por 1 mais a taxa de juros elevada no tempo, isto é, os juros compostos são aplicados sobre o capital inicial ou valor nominal (VN). Este procedimento é chamado no mercado financeiro de marcação na curva de juros. A fórmula do montante (M) é dada por:
M = VN(1+Taxa)n,
onde n é o tempo
em anos, meses ou dias se a Taxa for
dada em anos, meses ou dias.
Por exemplo, se o valor nominal do título (valor de compra) é de R$ 1.000,00 e a taxa de juros é de 10% a.a. (ao ano) pelo prazo de 2 (dois) anos, então o montante a ser recebido, ou seja, o valor do título pela curva de juros no vencimento será de R$1.210,00. Fazendo os cálculos:
M = VN(1+Taxa)n = 1000(1+0,10)2 = 1000(1,10)2 = 1000x1,21 = R$1.210,00
Vale ressaltar que essa metodologia de calcular o valor do montante pelos juros compostos é válida somente se o investimento (título) for resgatado na data do vencimento.
Teoricamente, o preço na curva também pode ser calculado por uma fórmula semelhante a anterior, modificando apenas a potência (elevado a potência n), mas sempre com a mesma taxa contratada e variando os dias úteis até o vencimento. Essa variação dos dias úteis, sempre com a mesma taxa contratada, fornecerá o preço na curva antes do vencimento. O exemplo anterior pode ser representado por um gráfico cartesiano no qual o eixo X representa o tempo e o eixo Y o preço na curva. A reta que une os pontos 1.000 e 1.210 nesse gráfico contém o preço na curva ao longo do tempo (X). Neste caso, o valor de n (potência) é substituído por DU/252, onde DU é a quantidade de dias úteis (*). Usando o exemplo anterior, se a venda fosse realizada 6 meses após a compra (126 dias úteis), o cálculo encontraria um ponto na reta igual a 1048,81, ou seja, M = 1000(1+1,10)126/252 = R$1.048,81. Portanto, teoricamente haveria um ganho de R$48,61 em 6 meses.
A marcação pela curva de juros não tem efeito real para resgate na data atual, antes do vencimento. O cálculo realizado no exemplo anterior não se aplica na prática quando se vende o investimento antecipadamente. Esta variação acontece devido à ocorrência de oscilações na taxa de juros, além de outros fatores macroeconômicos que afetam a economia, podendo melhorar ou piorar ao longo do tempo o valor do titulo. No próximo artigo veremos a marcação a mercado.
(*) para cálculo utiliza-se o ano com 252 dias úteis
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