sábado, 5 de fevereiro de 2022

Aluisio de Castro e Silva (meu pai) – Professor Pardal

Quem já leu as revistas de quadrinhos dos anos 60 e 70 deve se lembrar do Professor Pardal. Ele é o inventor mais famoso de Patópolis, cidade onde mora Pato Donald, seus sobrinhos, Margarida e o Tio Patinhas. Muitas vezes suas invenções não funcionam sempre da maneira que se espera, mas suas intenções são sempre boas.

A antiga Escola Técnica Federal (depois Cefet e hoje IFCE) tinha um Professor Pardal, assim seus alunos o chamavam. Seu nome é Aluisio de Castro e Silva. Aluisio, filho de Gervásio de Castro e Silva (1881-1946), neto de Deodato José de Castro e Silva (1847-1898) e bisneto do Padre Pedro José de Castro e Silva (1811-1890), nasceu em 15/05/1922 em Fortaleza e faleceu em 06/09/2018, com 96 anos. Casou em 1949 com Adelaide Moreira Pacheco - Zizinha (1921-2002).

Sua vida foi marcada por duas fases distintas: a primeira no glorioso exército brasileiro e a segunda no magistério.

A primeira fase se inicia quando Aluisio termina o Colégio Militar do Ceará (foram 6 anos de colégio) e a entrada na Escola Militar de Realengo, após os preparatórios e exames. Passou nos exames (fim de 1939), mas só entrou na Academia no meio do ano de 1940, devido ainda não ter idade suficiente (era menor de 18 anos) para ingressar. Cursou os 4 anos da Academia, saindo aspirante no meio do ano de 1944. Ainda em 1944 toda turma dele alistou-se para a FEB, houve 100% de adesão. Não chegou a ir para o palco da guerra, pois ela terminaria em abril de 1945. No exército se especializou em Comunicações. Foi instrutor dessa área por vários anos, tendo formado soldados, sargentos, suboficiais e oficiais. Serviu o exército brasileiro até o ano de 1968, indo para reserva como Coronel.

Aluisio era despido de vaidade e muito correto e honesto nas suas atitudes. Entre os meses de janeiro e abril de 1945, participou do patrulhamento do litoral cearense, juntamente com a Marinha Brasileira (submarinos alemães afundavam navios brasileiros). Anos depois o exército considerou esses oficiais e soldados que participaram de patrulhas (retaguarda) como ex-combatentes da FEB. Aluisio nunca quis essa honraria, pois segundo ele não era correto tê-la pelo simples fato de ter comandado um destacamento de patrulhamento durante poucos meses. Comandou o 1o. Batalhão de Engenharia do Exército, sediado em Caicó – RN, de fevereiro de 1962 a junho de 1963. O Batalhão tem uma galeria com as fotos do ex-comandantes, mas ele nunca quis colocar sua foto, simplesmente por falta de vaidade.

A segunda fase dele foi o magistério. Ingressou na antiga Escola Técnica Federal (hoje IFCE) no ano de 1969 e sua primeira tarefa na Escola foi criar o curso de Eletrotécnica. Naquela época não era trivial criar um curso, mas em apenas 3 meses elaborou o Plano Pedagógico e fez a implantação. Criou também o curso de Telecomunicações e coordenou esses dois cursos por vários anos. Foi nessa Escola que recebeu o carinhoso apelido de Professor Pardal, indicativo de determinada característica peculiar que possuía.

Há uma grande diferença entre professor e educador, o professor é apenas uma profissão, podendo ser exercida por qualquer pessoa que tenha uma habilitação para este fim. Educador ao contrario, não é profissão, mas dom, somente quem gosta, quem ama ensinar pode ser educador, mesmo parecendo que o trabalho é o mesmo, na verdade não é. Aluisio era um educador. Deixou uma contribuição inestimável, um legado imensurável, formando (educando) milhares de jovens, durante seus 23 anos de magistério.

Aluisio teve seu destino, sua missão (no jargão militar). Ele plantou (educou) milhares de sementes (jovens), que germinaram, creio que a maior parte, e hoje essas que germinaram estão plantando novas sementes que um dia germinarão. Há nesse legado uma continuidade, que alguns chamariam de imortalidade. Ele continua educando através das sementes que aqui na Terra plantou.

 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Ramo dos Castro e Silva que poderia ter o sobrenome Gadelha

Antigamente, ao realizar o registro de nascimento dos filhos, era de costume popular colocar somente o sobrenome do pai ou posicionar o sobrenome paterno por último. Mas nem sempre as pessoas seguiam essa prática. Muitas vezes o sobrenome da família materna era bem mais importante na região do que o sobrenome do pai.

O Capitão Francisco Xavier de Castro Silva (1764-?), filho do genearca açoriano José de Castro e Silva (1709-1784), teve uma filha, Rita Angélica de São Francisco (1791-1880), que não seguiu esta prática da ordem dos sobrenomes. Rita Angélica casou-se em janeiro de 1807 (16 anos de idade), na cidade de Cascavel,  com José Ignácio da Silveira Gadelha (?-1843), filho do notável advogado José Ignácio da Silveira Gadelha (homônimo), pernambucano de Igarassu, que foi o 1º tabelião de Aquiraz, e de Maria Ignácia Gadelha.

Segundo Borges da Fonseca no seu livro Nobiliarchia Pernambucana, a família Gadelha teve nobre origem em Manoel da Costa Gadelha, cavaleiro da Ordem de Cristo, Capitão-Mor e Governador das Armas do Rio São Francisco, patente recebida em 25/04/1675, assinada pelo Príncipe Regente D. Pedro. Manoel da Costa Gadelha lutou na guerra contra os holandeses tanto na Bahia quanto em Pernambuco. Teve vários filhos, mas o primogênito do seu 2º casamento, Jorge da Costa Gadelha, foi o patriarca das famílias Costa Gadelha e Silveira Gadelha na Província do Ceará.

Jorge da Costa Gadelha foi Coronel da Cavalaria da Capitania do Ceará Grande. Porém nunca saiu de Pernambuco, onde viveu em Igarassu como juiz ordinário até a sua morte. Casou duas vezes, a primeira com D. Mariana de Sousa com quem teve 14 filhos, sendo que o segundo filho deste casamento teve o mesmo nome do pai. Jorge da Costa Gadelha filho (homônimo do pai), veio para o Ceará por volta de 1725, juntamente com um irmão, e constituiu extensa família. Aqui no Ceará lutou na guerra dos gentios em 1727 onde houve o massacre de  mais de mil índios, ao lado do comandante da tropa e Capitão-Mor João de Barros Braga. O segundo casamento de Jorge da Costa Gadelha (pai) foi com D, Mariana Teixeira da Silveira e Albuquerque. Desse casamento teve 3 filhos, sendo que o primeiro, Antonio da Silveira Gadelha, vem a ser o pai do citado tabelião de Aquiraz, José Ignácio da Silveira Gadelha.

José Ignácio e Rita Angélica tiveram 9 filhos, sendo que 8 deles mantiveram o sobrenome do pai. Contudo, o primogênito Pedro José de Castro e Silva, que veio a ser padre, recebeu somente o sobrenome da mãe. Em 1811, quando Pedro José nasceu, a cidade de Aracati era controlada, política e financeiramente, pela família Castro e Silva e, ao mesmo tempo, esta família mantinha seus prepostos em Fortaleza, sede da província. Portanto, naquela época o sobrenome Castro e Silva era mais notável do que o Gadelha.

Caso Rita Angélica não tivesse escolhido seu sobrenome para o filho, os atuais descendentes do Padre Pedro José (inclusive o autor deste artigo) poderiam ter o sobrenome Gadelha ou Silveira Gadelha.