O objeto deste artigo é continuar à matéria sobre renda fixa (RF) publicada anteriormente neste blog. Orientar e recomendar certos procedimentos para as pessoas que estão iniciando no mundo das aplicações financeiras em RF é a finalidade principal, visando sempre a maximização do retorno financeiro dos investimentos. A observação do mercado de investimentos em RF ensejou a concepção de sete orientações, a seguir descritas.
1) Primeira orientação: saia
da poupança. Atualmente a taxa Selic é de 2,75% a.a. (após a última deliberação
do Banco Central). A poupança (a partir de 2012) rende 70% dessa taxa,
correspondendo a 1,93% a.a. ou 0,16% ao mês, aproximadamente. A inflação medida
pelo IPCA é de 5,20% a.a. para os últimos 12 meses. Esse valor corresponde a
uma média mensal de 0,42%, representando quase 3 vezes o rendimento da
poupança. Dessa forma, a poupança está sendo corroída pela escalada
inflacionária a cada mês. Não é difícil de encontrar ativos de emissão bancária
(CDB, LCA, LCI, etc) que remuneram
2) “Fuja” dos grandes Bancos, pois oferecem produtos com retorno financeiro ínfimo quando comparado aos pequenos e médios bancos. Os gerentes ganham “gordas” comissões em alguns produtos. Os produtos que eles mais oferecem são Títulos de Capitalização, Poupança, Previdência Privada, Seguros, Cartões de crédito/débito e linhas de crédito (cheque especial, crédito consignado, crédito pessoal, etc). Alguns oferecem um CDB do próprio Banco com taxa de rendimento irrisória ou um Fundo de Investimento (FI) conservador que remunera abaixo da taxa Selic.
3) Fugir para onde? Abra uma conta de investimentos em uma Corretora, mas ao mesmo tempo mantenha uma conta corrente em um Banco para recebimento de salário, transferências (TED, PIX), etc. Existem várias corretoras no mercado, como a Easynvest, XP, Modalmais (Banco Modal), Toro Investimentos, BTG Pactual, Rico, Órama, Ágora, etc. Os custos operacionais dos produtos dessas corretoras são, na sua maioria, grátis. Por exemplo, são gratuitos: a) Abertura e manutenção de contas; b) As aplicações em Tesouro Direto; c) Taxas de intermediação de CDB, LC, LCI, LCA, Debêntures, etc; d) Taxas de Renda Fixa; e) Tarifas de TED (transferência) para retiradas; f) Custódia da Bolsa; e outros produtos. E quais são as vantagens?
Vantagens de usar uma conta de investimentos de uma Corretora:
a)
Segurança total
na operação da conta de investimentos da Corretora. O cliente não consegue
transferir (retirar) seu dinheiro para conta de terceiros, mas somente para sua
conta corrente do seu Banco. Mesmo que alguém obtenha acesso à conta do investidor
na Corretora, a transferência do dinheiro só se dará para a conta corrente
vinculada ao cliente.
b)
Grande quantidade
e diversidade de produtos oferecidos. Na Renda Fixa, as corretoras oferecem
ativos de grandes, médios e pequenos Bancos. Também oferecem vários ativos de
créditos privados (CRA, CRI e Debêntures) de grandes empresas e ativos de Renda
Variável, como COE, FIIs, e outros. Enfim, a aplicação não fica restrita a um
só ativo de um grande Banco, como é o caso do cliente operar só com um banco, podendo
ser distribuída para mais de 400 instituições financeiras (bancodata.com.br) que
existem no país. Vale ressaltar que o cliente investidor não precisa abrir
conta em todos os bancos que ele deseja aplicar. A conta aberta na Corretora
permite que se realize aplicações em vários bancos.
c)
O cliente é o
gerente da sua aplicação. O cliente não precisa mais de um intermediário no
gerenciamento dos seus investimentos. Tem total autonomia para resgatar um
ativo antecipadamente ou não, para escolher taxas, vencimentos e instituições.
d)
Facilidade de administrar
as aplicações. O manuseio das operações nas plataformas (aplicativos)
oferecidas pelas Corretoras não é complicado. Gerenciar os investimentos
através das plataformas, ou seja, aplicar, resgatar, acompanhar, analisar e
administrar são tarefas de fácil entendimento para pessoas que tem alguma
familiaridade com aplicativos na Internet.
4) Aplique no curto prazo, no máximo dois anos. Investimentos em ativos com vencimento para mais de dois anos é temerário no atual momento do país. O Brasil continuamente passou por diversas crises e sua economia sempre foi caracterizada por instabilidade. Porém, o atual momento é de multiplicidade de crises: moral, política, fiscal, econômica, credibilidade, causada pela covid e outras. O Brasil de amanhã é incerto.
5) Diversifique as instituições, ou seja, distribua a quantia do investimento por diversos bancos. Aqui vale a máxima, não coloque todos os ovos na mesma cesta. Não é necessário abrir conta em todos os Bancos nos quais se pretende aplicar. Basta ter uma única conta na Corretora, pois ela será a intermediária com todos os Bancos. Vale lembrar que os ativos de emissão bancária (CDB, LCA, LCI, LC) são garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Isto foi visto no artigo anterior deste blog. O FGC garante o valor máximo de 250 mil reais de cada investidor contra a mesma instituição. A quantia acima de 250 mil não é garantida. Então, se o cliente tem 300 mil reais para aplicar, ele pode distribuir este montante em 10 ou 15 bancos diferentes, correspondendo a 30 ou 20 mil em cada banco, garantindo assim o reembolso do valor aplicado, com o rendimento acordado, em caso de falência ou liquidação de uma ou de mais de uma instituição.
6) Distribua a quantia aplicada em ativos que tenham vencimentos diferentes, ao longo do tempo. A idéia aqui é a mesma que se fazia na poupança, ou seja, colocar quantias em dias diferentes ao invés de depositar tudo no mesmo dia. Dessa forma, caso fosse necessário retirar algum dinheiro, isto poderia ser feito sem esperar pela data de aniversário da poupança. Então por exemplo, se o cliente tem 50 mil reais para investir na RF, ele pode investir no mesmo dia em 10 ativos de bancos diferentes, com vencimentos diferentes, ou seja, 5 mil para cada vencimento, Poderia ser um vencimento para daqui a 6 meses, outro para 7 meses e assim por diante. Dessa forma teria dinheiro todos os meses, a partir do 6º mês. Novamente, nunca ponha todos os ovos na mesma cesta.
7) Observe o mercado secundário, pois às vezes oferece melhores taxas. O mercado secundário de RF difere do mercado primário. No mercado primário a oferta do ativo é feita pelo próprio Banco que emitiu o título. O dinheiro captado pelo Banco com a oferta do ativo é usado para as mais diversas finalidades. Por exemplo, se o ativo for uma LCA, o dinheiro será usado para financiar o agronegócio. Já no mercado secundário, o ativo é ofertado após o resgate antecipado de um título pelo investidor. Antes do prazo do vencimento o investidor faz o resgate e o Banco oferta novamente o mesmo ativo, quase sempre com as mesmas taxas de remuneração acordadas anteriormente. Muitas vezes é possível encontrar taxas de remuneração mais atraentes do que as do mercado primário.
Alguns sites colocam uma, às vezes duas dessas orientações, mas não todas. O próximo artigo do blog será sobre Fundos de Investimentos (FI) de Renda Fixa. Como escolher? Qual o melhor?