quarta-feira, 24 de março de 2021

Sete DICAS para iniciantes em aplicações de Renda Fixa (RF)

O objeto deste artigo é continuar à matéria sobre renda fixa (RF) publicada anteriormente neste blog. Orientar e recomendar certos procedimentos para as pessoas que estão iniciando no mundo das aplicações financeiras em RF é a finalidade principal, visando sempre a maximização do retorno financeiro dos investimentos. A observação do mercado de investimentos em RF ensejou a concepção de sete orientações, a seguir descritas.

1) Primeira orientação: saia da poupança. Atualmente a taxa Selic é de 2,75% a.a. (após a última deliberação do Banco Central). A poupança (a partir de 2012) rende 70% dessa taxa, correspondendo a 1,93% a.a. ou 0,16% ao mês, aproximadamente. A inflação medida pelo IPCA é de 5,20% a.a. para os últimos 12 meses. Esse valor corresponde a uma média mensal de 0,42%, representando quase 3 vezes o rendimento da poupança. Dessa forma, a poupança está sendo corroída pela escalada inflacionária a cada mês. Não é difícil de encontrar ativos de emissão bancária (CDB, LCA, LCI, etc) que remuneram 3 a 4 vezes o rendimento da poupança, ou seja, de 0,50% a 0,70% ao mês.   

2) “Fuja” dos grandes Bancos, pois oferecem produtos com retorno financeiro ínfimo quando comparado aos pequenos e médios bancos. Os gerentes ganham “gordas” comissões em alguns produtos. Os produtos que eles mais oferecem são Títulos de Capitalização, Poupança, Previdência Privada, Seguros, Cartões de crédito/débito e linhas de crédito (cheque especial, crédito consignado, crédito pessoal, etc). Alguns oferecem um CDB do próprio Banco com taxa de rendimento irrisória ou um Fundo de Investimento (FI) conservador que remunera abaixo da taxa Selic.     

3) Fugir para onde? Abra uma conta de investimentos em uma Corretora, mas ao mesmo tempo mantenha uma conta corrente em um Banco para recebimento de salário, transferências (TED, PIX), etc. Existem várias corretoras no mercado, como a Easynvest, XP, Modalmais (Banco Modal), Toro Investimentos, BTG Pactual, Rico, Órama, Ágora, etc. Os custos operacionais dos produtos dessas corretoras são, na sua maioria, grátis. Por exemplo, são gratuitos: a) Abertura e manutenção de contas; b) As aplicações em Tesouro Direto; c) Taxas de intermediação de CDB, LC, LCI, LCA, Debêntures, etc; d) Taxas de Renda Fixa; e) Tarifas de TED (transferência) para retiradas; f) Custódia da Bolsa; e outros produtos. E quais são as vantagens?

Vantagens de usar uma conta de investimentos de uma Corretora:

a)      Segurança total na operação da conta de investimentos da Corretora. O cliente não consegue transferir (retirar) seu dinheiro para conta de terceiros, mas somente para sua conta corrente do seu Banco. Mesmo que alguém obtenha acesso à conta do investidor na Corretora, a transferência do dinheiro só se dará para a conta corrente vinculada ao cliente.

b)      Grande quantidade e diversidade de produtos oferecidos. Na Renda Fixa, as corretoras oferecem ativos de grandes, médios e pequenos Bancos. Também oferecem vários ativos de créditos privados (CRA, CRI e Debêntures) de grandes empresas e ativos de Renda Variável, como COE, FIIs, e outros. Enfim, a aplicação não fica restrita a um só ativo de um grande Banco, como é o caso do cliente operar só com um banco, podendo ser distribuída para mais de 400 instituições financeiras (bancodata.com.br) que existem no país. Vale ressaltar que o cliente investidor não precisa abrir conta em todos os bancos que ele deseja aplicar. A conta aberta na Corretora permite que se realize aplicações em vários bancos.

c)      O cliente é o gerente da sua aplicação. O cliente não precisa mais de um intermediário no gerenciamento dos seus investimentos. Tem total autonomia para resgatar um ativo antecipadamente ou não, para escolher taxas, vencimentos e instituições.

d)      Facilidade de administrar as aplicações. O manuseio das operações nas plataformas (aplicativos) oferecidas pelas Corretoras não é complicado. Gerenciar os investimentos através das plataformas, ou seja, aplicar, resgatar, acompanhar, analisar e administrar são tarefas de fácil entendimento para pessoas que tem alguma familiaridade com aplicativos na Internet.

4) Aplique no curto prazo, no máximo dois anos. Investimentos em ativos com vencimento para mais de dois anos é temerário no atual momento do país. O Brasil continuamente passou por diversas crises e sua economia sempre foi caracterizada por instabilidade. Porém, o atual momento é de multiplicidade de crises: moral, política, fiscal, econômica, credibilidade, causada pela covid e outras. O Brasil de amanhã é incerto.

5) Diversifique as instituições, ou seja, distribua a quantia do investimento por diversos bancos. Aqui vale a máxima, não coloque todos os ovos na mesma cesta. Não é necessário abrir conta em todos os Bancos nos quais se pretende aplicar. Basta ter uma única conta na Corretora, pois ela será a intermediária com todos os Bancos. Vale lembrar que os ativos de emissão bancária (CDB, LCA, LCI, LC) são garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Isto foi visto no artigo anterior deste blog. O FGC garante o valor máximo de 250 mil reais de cada investidor contra a mesma instituição. A quantia acima de 250 mil não é garantida. Então, se o cliente tem 300 mil reais para aplicar, ele pode distribuir este montante em 10 ou 15 bancos diferentes, correspondendo a 30 ou 20 mil em cada banco, garantindo assim o reembolso do valor aplicado, com o rendimento acordado, em caso de falência ou liquidação de uma ou de mais de uma instituição.

6) Distribua a quantia aplicada em ativos que tenham vencimentos diferentes, ao longo do tempo. A idéia aqui é a mesma que se fazia na poupança, ou seja, colocar quantias em dias diferentes ao invés de depositar tudo no mesmo dia. Dessa forma, caso fosse necessário retirar algum dinheiro, isto poderia ser feito sem esperar pela data de aniversário da poupança. Então por exemplo, se o cliente tem 50 mil reais para investir na RF, ele pode investir no mesmo dia em 10 ativos de bancos diferentes, com vencimentos diferentes, ou seja, 5 mil para cada vencimento, Poderia ser um vencimento para daqui a 6 meses, outro para 7 meses e assim por diante. Dessa forma teria dinheiro todos os meses, a partir do 6º mês. Novamente, nunca ponha todos os ovos na mesma cesta.  

7) Observe o mercado secundário, pois às vezes oferece melhores taxas. O mercado secundário de RF difere do mercado primário. No mercado primário a oferta do ativo é feita pelo próprio Banco que emitiu o título. O dinheiro captado pelo Banco com a oferta do ativo é usado para as mais diversas finalidades. Por exemplo, se o ativo for uma LCA, o dinheiro será usado para financiar o agronegócio. Já no mercado secundário, o ativo é ofertado após o resgate antecipado de um título pelo investidor. Antes do prazo do vencimento o investidor faz o resgate e o Banco oferta novamente o mesmo ativo, quase sempre com as mesmas taxas de remuneração acordadas anteriormente. Muitas vezes é possível encontrar taxas de remuneração mais atraentes do que as do mercado primário.

Alguns sites colocam uma, às vezes duas dessas orientações, mas não todas. O próximo artigo do blog será sobre Fundos de Investimentos (FI) de Renda Fixa. Como escolher? Qual o melhor?

domingo, 21 de março de 2021

Linhagem sefardita da família Castro e Silva

Quando pesquisei a linhagem real da família Castro e Silva, objeto de matéria já publicada neste blog, observei que não existem ascendentes sefarditas no ramo paterno e materno do genearca dessa família no Ceará. A única judia encontrada na árvore familiar do açoriano José de Castro e Silva era a belíssima Yonat Paloma, cuja família era originária de Israel, descendente direta do Rei Davi.

Os sefarditas são judeus originários da Península Ibérica (Portugal e Espanha). O povo judeu viveu entre períodos de dominação e de liberdade, ao longo de sua história. A dominação dos Romanos na Judéia e a constante revolta do povo contra o Império Romano diminuíram a presença judaica na região por causa das expulsões em massa. Muitos deles emigraram para a Península Ibérica e lá viveram e constituíram famílias por muitos séculos.

A Santa Inquisição portuguesa iniciou coincidentemente logo após o descobrimento do Brasil. Foi direcionada principalmente aos judeus sefarditas, a quem o Estado forçava a se converterem ao cristianismo. Isto levou muitos judeus a buscarem refúgio nas terras do Novo Mundo. Apesar de não estar instituída no Brasil, a inquisição portuguesa expandiu suas operações enviando visitadores que direcionavam seus julgamentos contra os cristãos novos, ou seja, judeus convertidos ao cristianismo.

Embora não exista sefarditas e nem cristãos novos nos ascendentes de José de Castro e Silva, percebi a grande possibilidade de sua esposa ser descendente deles, uma vez que seus ascendentes são da família Bezerra de Menezes. O genearca da família Castro e Silva casou-se em 27/05/1748 com Anna Clara da Silva Cruz (1732-1790) na localidade de Passagens das Pedras, onde hoje se situa a cidade de Itaiçaba, Ceará.

Anna Clara, filha do português Antônio Silva da Cruz (1706-1757) e de Theresa Maria de Jesus (1709-1808), casou-se ainda menina com apenas 15 anos de idade. Tudo indica que era analfabeta, pois em 1781 pedira ao seu filho Vicente que assinasse o termo de alforria de seu escravo Nicolau. Sua mãe Theresa era filha do Sargento-Mor João de Souza Pereira (1677-1737) e de Joana Bezerra de Menezes (1680-1735). 

Joana, avó de Anna Clara, era filha de Bento Rodrigues Bezerra (1660- ?), meio cristão novo (*) e de Petronila Velho de Menezes (1663-1693), cristã velha. Dessa união, o patronímico de Bento, Bezerra, com o patronímico de Petronila, Menezes, surgiu a família Bezerra de Menezes.

Eduardo Bezerra Neto (*) mostra que alguns membros das gerações pregressas do patriarca da família Bezerra de Menezes são cristãos novos, a começar pelo pai do patriarca, o português Bento Rodrigues da Costa (? - ?). Eduardo observa que todos os Bezerras das gerações anteriores permaneceram como cristãos velhos (cristão que não foi judeu e nem tem antepassados judeus), enquanto que os Rodrigues como cristãos novos. O português Bento veio para o Brasil em data desconhecida, trazendo consigo sua mãe, Maria Simões (1629 - ?), que havia sido condenada pela Inquisição de Lisboa por evidentes origens judaicas. Possivelmente, Bento tenha subornado os inquisidores para obter sua liberação do cárcere.

A mulher do português Bento, Simoa Bezerra (1600-1657), era cristã velha, mas suas avós Brasia Monteiro (1554-1606), avó por parte de pai e Simoa da Rosa, avó por parte de mãe, eram cristãs novas. O pai de Brasia, Pantaleão Monteiro (1490 - ?), é considerado por alguns autores como “judeu marrano” e o pai de Simoa, Belchior da Rosa (1543 - ?), permaneceu identificado com cristão novo enquanto viveu.

Possivelmente, muitos descendentes de Pantaleão e de Belchior permaneceram fiéis ao judaísmo, praticando seus princípios judaicos, atravessando os séculos. A inquisição no Brasil foi até a segunda metade do século XVIII e os cristãos novos usaram artifícios para burlar os inquisidores. Um deles foi a nobilitação.

Após o domínio holandês no século XVII houve uma queda do preço do açúcar pernambucano no mercado estrangeiro. A conseqüência dessa queda foi o empobrecimento dos senhores das terras de Pernambuco que resolveram reivindicar o status de nobreza (comendas, títulos, etc), junto a corte portuguesa, a fim de compensar perdas sofridas nas guerras contra os holandeses. A partir da segunda metade do século XVII, esses processos de nobilitação se multiplicaram e serviram como forma de atestado de descendência não judia, pois aqueles que obtinham os Alvarás de nobreza mostravam que não tinham “sangue judeu” anotado nos processos. Isso constituiu uma maneira de dissimular as origens cristãs novas.

Anna Clara, acima citada, também tinha ascendência indígena por parte da sua bisavó Petronila, mas isto será objeto de outro artigo.

(*) Neto, Eduardo Bezerra – Cristãos velhos e cristãos novos na capitânia de Pernambuco e Ceará – séculos XVI e XVIII. Revista do Instituto Histórico do Ceará, 2016.   


segunda-feira, 15 de março de 2021

Investimentos em ativos de renda fixa ofertados por Bancos

As instituições financeiras fazem emissões bancárias de ativos com o objetivo de captar recursos. Encontramos no mercado financeiro alguns ativos, como CDB (Certificado de Depósito Bancário), LCI (Letras de Crédito Imobiliário), LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) e LC (Letras de Câmbio) que representam títulos nominativos de renda fixa emitidos pelos bancos em que a remuneração e o prazo são negociados no momento da aplicação. Vale ressaltar que há incidência do imposto de renda sobre os rendimentos das aplicações em CDBs e LCs, enquanto que as aplicações em LCIs e LCAs são totalmente isentas.

 

O rendimento ou remuneração que o investidor recebe do banco pode ser prefixado, pós-fixado ou misto (pós-fixado+prefixado).

 

O rendimento prefixado é aquele onde é possível saber quanto vai render o seu investimento até o vencimento do título. Por exemplo, o CDB do Banco X oferece uma taxa de remuneração de 10% ao ano. Então, se você investiu mil reais terá, após 365 dias, 100 reais de ganho.

 

Já no rendimento pós-fixado, a remuneração será conhecida no vencimento da aplicação, de acordo com a variação do indexador do produto. Por exemplo, o CDB do Banco Y oferece uma taxa de remuneração indexada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), no prazo de um ano. A taxa do CDI sempre está muito próxima da SELIC (taxa básica do Banco Central). Então, se a SELIC permanecer 2% ao ano durante sua aplicação e se o rendimento do seu CDB é de 150% do CDI, você receberá 3% ao ano de remuneração. Fica evidente que se a SELIC variar para cima ou para baixo antes do prazo de vencimento da sua aplicação, a remuneração também sofrerá variação.

 

A remuneração mista é uma mistura da pós-fixada com a prefixada. O rendimento também só será conhecido após o vencimento da aplicação e de acordo com a variação do indexador do produto. Normalmente esses produtos com remuneração mista são indexados pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Por exemplo, o CDB do banco Z oferece uma taxa de remuneração indexada ao IPCA mais 5% prefixado, ou seja, IPCA+5%.

 

Por fim cabe lembrar que todos esses produtos acima possuem a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para minimizar o risco de crédito contra a instituição financeira que for associada ao fundo. O FGC é um fundo criado pelas instituições financeiras (Bancos e financeiras) associadas para prestar garantia de que seu investimento será preservado na hipótese de intervenção, liquidação extrajudical ou falência da instituição. O FGC garante o valor máximo de 250 mil reais de cada investidor contra a mesma instituição. O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou em 21 de dezembro de 2017 uma alteração no Regulamento do FGC, estabelecendo um teto de um milhão de reais para garantias pagas a cada investidor (por CPF). Isso permite que uma pessoa tenha quatro CDBs em quatro bancos diferentes, com valor máximo de 250 mil reais por instituição, totalizando um milhão de reais garantido pelo FGC. Mais informações sobre o FGC você poderá encontrar no site www.fgc.org.br

 

Nos próximos artigos darei dicas de como distribuir suas aplicações de renda fixa, ao longo do tempo, de forma a maximizar seu retorno financeiro e mostrarei uma maneira simples de verificar a saúde financeira das instituições. 

sábado, 13 de março de 2021

Linhagem de batina da família Castro e Silva

No último artigo escrevi sobre a linhagem real da família Castro e Silva. Neste tratarei da linhagem de batina desta família, tendo o Padre Pedro José de Castro e Silva como figura central. O Padre Pedro nasceu em 28/03/1811 e faleceu em Fortaleza, com 79 anos de idade, em 29/01/1890. Bisneto do genearca da família Castro e Silva no Ceará, o açoriano José de Castro e Silva.

Filho primogênito entre nove irmãos, desempenhou o papel de chefe da clã, mantendo irmãos, cunhados, filhos, sobrinhos e netos sob rédeas curtas. Teve oito filhos, quatro homens e quatro mulheres, e mais de três dezenas de netos. Meu pai dizia que minha avó Cilencia (neta do padre Pedro) não usava o pronome de tratamento vossa reverendíssima e nem o chamava de padre quando se referia a ele. Chamava-o de Coronel, mas de uma forma quase inaudível, tamanho era o respeito e medo que o padre causava, mesmo depois de morto.

O sacerdotalis caelibatus, a jóia da castidade, não foi empecilho para o Padre se unir a sua companheira, Thereza de Jesus Maria, nascida em 1820 e falecida em 04/02/1879. O Padre sabia que não havia uma só palavra nas Escrituras Sagradas que impusesse o celibato sacerdotal. O amor da Sinhá Thereza não o levou a largar a batina.

Sinhá Thereza foi sepultada em Fortaleza no cemitério São João Batista. Consta em seu testamento (*) que ela morava na Chácara "São Sebastião", na cidade de Fortaleza. Provavelmente a chácara era um dos sítios que essa proprietária de sete escravos deixou, localizado "por detrás da antiga Igreja de São Sebastião", onde havia uma grande casa com plantações e fruteiras (nos anos de 1960 este local era conhecido como Jardim Japonês). A igreja ou capela situava-se no canto sudoeste da Praça São Sebastião, no início da Av. Bezerra de Menezes, em Fortaleza. A chácara localizava-se onde hoje é o Assai Atacadista, na mesma avenida. (*) Referência: APEC-COF, Inventário de Theresa de Jesus Maria, 11 de julho de 1879, maço 181.

Parafraseando o poeta sobralense Fco. José Ferreira Gomes:  "Seu Vigário", teve uma cambada de meninos e meninas, nascidos de seus amores com a Sinhá Thereza, sua doce companheira, mas também devia ser cozinheira, lavadeira, copeira, arrumadeira e amante nas horas de folga - quando o Padre fechava o Breviário (livro com os ofícios que os sacerdotes devem ler todos os dias) muito pesado, com milhares de páginas, contendo muito latim e muitos salmos, ele passava a ouvir e sentir outros salmos, os de Sinhá, que tinham gosto de mel.

Nos próximos artigos deste blog postarei novas estórias do Padre Pedro, uma delas contada pelo grande escritor cearense Gustavo Barroso.


terça-feira, 9 de março de 2021

Linhagem real da família Castro e Silva

Fiquei surpreso quando me contaram que os “Castro e Silva” são descendentes de Afonso XI, Rei de Leão e Castela, que viveu de 1311 a 1350. Certamente, há uma probabilidade razoável de uma pessoa, com ascendentes em Portugal e Espanha dos séculos XII e XIII, ser descendente de um rei ou de uma rainha se considerarmos que a população dessa região não chegava a um milhão de habitantes nesta época. 

Afonso XI era filho do rei Fernando IV (1285-1312) de Castela e da Infanta Costanza (1290-1313) de Portugal. Era neto materno do rei Dinis I (1261-1325) de Portugal e da Rainha Santa Isabel (1271-1336) de Aragão. Afonso XI casou-se duas vezes, mas sua maior paixão foi Leonor de Gusmão que lhe deu numerosa prole. Foi a verdadeira favorita do rei, que o afastou da sua família legítima para se dedicar à ilegítima. Um dos filhos bastardos de Afonso XI, infante Fradique Alfonso de Castela casou-se com uma judia, Yonat Paloma, uma das mulheres mais bonitas da época, que vem de uma das linhagens mais impressionantes da era, vinda diretamente do Rei Salomão e do Rei Davi. 

Fradique e Yonat tiveram uma neta que veio a casar com o 2º Conde de Benavente, Rodrigo Alonso de Pimentel y Meneses, cavaleiro português a serviço do reino de Castela. Rodrigo teve um neto, filho de Alonso, 3º Conde de Benavente, que emigrou para o arquipélago de Açores. Esse neto chamava-se João Afonso. 

Conde de Benavente é um título de nobreza espanhola de caráter hereditário. É um dos títulos da Casa de Benavente. Na hierarquia da nobreza espanhola, conde e duque se situam imediatamente a seguir ao título de Príncipe das Astúrias e Infante da Espanha - o primeiro título reservado ao herdeiro do Rei de Espanha e o segundo ao seus outros filhos e filhas e aos descendentes do Príncipe das Astúrias. Seu nome se refere ao município de Benavente, na província de Zamora (Castela e Leão).  

João Afonso, das Grotas Fundas, filho do 3º Conde de Benavente, veio para São Miguel no arquipélago açoriano. Miguel Côrte-Real escreveu no Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, Açores – Vol. 44 (1986), fls. 69, 70 e 71 o seguinte: 

“Por razões que não conseguimos apurar, fixou-se em meados do sec. XV (1460-1480), no recôndito lugar das «Grotas Fundas» (Açores) um personagem que, talvez tenha originado admiração e comentários aos outros povoadores da região Leste da ilha de São Miguel, Açores. Chamava-se João Afonso, e segundo documentos escritos por seus parente próximos, era filho do 3º Conde de Benavente.

As razões que levaram este a fixar-se no lugar das Grotas Fundas é mistério. Não foram certamente razões de ordem econômica que levaram João Afonso a afastar-se dos pátrios lares, onde a abastança dos seus progenitores lhe proporcionaria vida faustosa na Corte Espanhola. A troca da vida faustosa em castelos e palácios, com suas verdejantes campinas, por um paupérrimo lugar numa ilha do Arquipélago Açoriano, isolado como se fora eremita em rigorosa penitência, apenas tendo como paisagem penhascos e morros, vivendo numa casa coberta de colmo, e suportando toda a dureza de vida dos primeiros povoadores, devia certamente ter suas razões muito justificáveis... Talvez amores contrariados ou resultado de vitorioso duelo?... Tudo são conjecturas sem vias de aproximação…”.

João Afonso veio a casar com uma nativa da região e dessa união teve filhos, netos, bisnetos, trinetos, tetranetos, pentanetos, hexanetos e heptanetos. Na 8ª. Geração nasceu Manoel Dias da Ponte, sapateiro (1679-1754) pai de José de Castro e Silva, açoriano, que emigrou para o Brasil e veio a ser o genearca da família Castro e Silva no Ceará. 

segunda-feira, 8 de março de 2021

Mercado de Renda Fixa - 08/03/2021

Hoje o mercado secundário de renda fixa abriu de forma atípica. Houve uma oferta maior de ativos (CDB, LCI, LCA e LC). Por sua vez, o mercado primário ofertou ativos com taxas de rentabilidade mais altas se comparadas com a rentabilidade dos últimos 30 dias. 
As taxas de rentabilidade que mais apareceram na abertura do mercado secundário foram: 
1) Ativos com taxas prefixadas
                - 10% a.a. com prazo de vencimento de 5 a 6 anos
                - 7% a.a. com vencimento de 6 meses a 2 anos
2) Ativos atrelados ao IPCA
                - IPCA+7,0% a.a. c/ vencimento em 3 a 5 anos
                - ICPA+5,7% a.a. c/ venc. em 1 a 2 anos
3) ativos atrelados ao CDI
                - 165% do CDI a.a. com venc. de 1 mês a 2 anos
                - LCI (não paga IR) com taxa de 125% a.a.              

Há um mês atrás, ativos com essas taxas de rentabilidade eram bastante procurados e logo desapareciam da “prateleira” da plataforma de investimento. Hoje, ativos de rentabilidade de 10% a.a. não são mais atrativos para o mercado. Isso era incomum nos últimos 30 dias. 

Ativos atrelados ao CDI estão com rentabilidade de 165% do CDI, ou seja, 3,3% a.a. com vencimento em  6 meses ou em até 1 ano. Esses ativos são poucos procurados devido a atual taxa da Selic (2% a.a.)

O mercado primário de renda fixa abriu com taxas tão atrativas quanto o mercado secundário. Por exemplo, há um mês atrás a oferta de LCI com taxa de rentabilidade de 6,15% a.a. (venc. em 2 anos) era o máximo que se conseguia. Agora o mercado está ofertando LCI com taxa de 6,7% a.a. pelo mesmo prazo.

Observação: os investidores procuram taxas mais altas neste momento por que passa a economia do país em função do risco ser mais alto. O mercado está sinalizando para uma a inflação bem mais alta nos próximos meses e acredito que a velocidade de subida da Selic não acompanhará o ritmo da inflação.

sexta-feira, 5 de março de 2021

210 anos de nascimento do Padre Pedro José de Castro e Silva

Há exatos 210 anos, no dia 28 de março de 1811, o Padre Pedro José de Castro e Silva nascia em Cascavel, Ceará. Filho do Capitão José Ignácio da Silveira e Silva e de Rita Angélica do São Francisco. Recebeu as ordens sacras no Seminário de Olinda em 27/11/1837 e foi ordenado e provisionado pregador em 1838. Ainda em 1838 esteve, por alguns anos, como substituto, no vicariato de Messejana e, em seguida, vigário de Aquiraz até 1841, quando por decreto de 05/10/1841, foi nomeado vigário colado da cidade de Barbalha. Lá permaneceu de 03/02/1842 a 06/02/1863, ano em que permutou esta paróquia pela a de Nossa Senhora do Rosário, em Coatis, Rio de janeiro, com o Padre João Francisco de Castro Nogueira. Em 1868 renunciou a freguesia fluminense, voltando para a de Barbalha.

Faleceu em Fortaleza, com 79 anos de idade, em 29/01/1890. Foi Cavaleiro da Ordem de Cristo, político e deputado provincial nos biênios 1850/1851, 1852/1853, 1854/1855, 1858/1859, 1869/1861 e 1862/1863.