quinta-feira, 5 de maio de 2022

Cursos Gratuitos de Formação Básica em Investimentos e de Probabilidade e Estatística

Prezados e Prezadas

Recentemente me aposentei do magistério do ensino superior, mas após alguns meses bateu uma saudade imensa da sala de aula. A fim de “matar” a saudade, resolvi montar cursos GRATUITOS, dentro da minha expertise, e pretendo ministra-los presencialmente. A única exigência que faço para ministrar os cursos gratuitamente é que a turma tenha no mínimo 5 alunos. Os seguintes cursos gratuitos estão prontos:

- Formação Básica em Investimentos Financeiros, com Matemática Financeira

- Probabilidade e Estatística para Computação

Meu e-mail para contato é jlcs53@gmail.com. Se alguém estiver curioso para ver meu currículo o link é http://lattes.cnpq.br/6140115232418895

Segue abaixo o programa do curso de Formação Básica em Investimentos.

OBJETIVOS

Introduzir os conceitos, produtos e práticas do mercado financeiro e de capitais,  apresentando sua estrutura, suas características e os principais produtos disponíveis para investimentos e como também os riscos a eles associados.

 

1. Motivação

1.1. Como ganhar dinheiro sem fazer força

1.2. A melhor idade para investir

1.3. A bola de neve dos juros compostos

1.4. Planilha de Cálculo de Renda Constante para Aposentadoria

 

2. Sistema Financeiro Nacional e Participantes do Mercado

2.1. Funções Básicas

2.2. Estrutura

2.3. Principais Agentes

 

3. Matemática Financeira

3.1. Introdução - Juros Simples e Juros Compostos

3.2. Cálculo do Montante ou Valor Futuro

3.3. Taxas proporcionais x Taxas equivalentes e Taxa Nominal x Taxa Efetiva

3.4. Montante pela convenção linear e pela convenção exponencial

3.5. Introdução a Rendas Certas

3.6. Cálculo do Valor Atual das rendas constantes

3.7. Cálculo do Valor Futuro das rendas constantes

 

4. Investimentos no Mercado Financeiro
4.1. Relação Risco x Retorno
4.2. Renda fixa 
4.3. Renda Variável

 

5. Mercado Monetário e Títulos Públicos Federais
5.1. Conceitos e Instrumentos de Política Monetária
5.2. Títulos Públicos (LTN, LFT, NTN-B)
5.3. Mercado Primário 
5.4. Mercado Secundário

 

6. Mercado de Crédito
6.1. Sistema bancário
6.2. Fundo Garantidor de Crédito
6.3. Principais Produtos de Capitação Bancária
6.3.1. Poupança
6.3.2. CDB
6.3.3. LCI
6.3.4. LCA
6.3.5. Outros

 

7. Mercado de Capitais
7.1. Estrutura e regulamentação
7.2. Produtos de Renda Fixa Privada
7.2.2. Debêntures / CRI / CRA
7.2.3. Commercial Papers 
7.3. Mercado de Ações (Renda Variável)
7.4. Mercado de Derivativos

8. Fundos de Investimentos e Previdência
8.1. Estrutura do Produto e Principais Características
8.2. Fundos de Renda Fixa / Ações / Multimercado 

8.3. PGBL e VGBL
8.4. Classificação e Política de Investimentos

 

9. Outros Produtos de Investimento

9.1 Renda Variável e Produtos Estruturados

9.2. Ações / ETF / COE / FII / BDR


sábado, 12 de março de 2022

Aqui nesta casa (Palácio da Luz) não se dança mais!

O Palácio da Luz, que por anos e anos, foi a sede do governo do Ceará, nasceu no último quartel do século XVIII como residência particular do capitão-mor Antônio de Castro Viana (português), tesoureiro da Fazenda Pública.

Foi construído pelos índios que utilizaram tijolo de coco e barro, extraídos das margens do rio Cocó, e caiado e entelhado com materiais oriundos do Aracati.

O capitão-mor faleceu em 1801, deixando uma grande dívida em favor do erário. Por esta razão a Junta da Fazenda Pública penhorou o prédio e o vendeu à Câmara Municipal da Vila de Fortaleza pela elevada quantia de oitocentos mil réis.

Como a Câmara não dispusesse desse dinheiro criou imediatamente um novo imposto (como se faz nos nossos dias), o curioso subsídio das águas ardentes. O imposto consistia, segundo o historiador João Brígido, na cobrança de quatro mil réis sobre a pipa de cachaça importada de Pernambuco. Desta forma, quanto mais se bebesse cachaça na terra de Nossa Senhora d’Assunção mais cedo se pagaria o Palácio.

Em 1809, o prédio foi trocado por outro, para onde se mudaram os edis, passando a funcionar como sede do governo da Capitania do Ceará-Grande. O título famoso de “Palácio da Luz” foi-lhe dado, naturalmente, após a Abolição da Escravatura, da qual o Ceará foi precursor histórico.

As paredes do Palácio suportaram, em 1892, o bombardeio dos canhões La Hitte de 12 polegadas, ordenado pelo comandante da Escola Militar, por ocasião da deposição do general Clarindo de Queiroz

Estas mesmas paredes receberam os tiros e as pedradas partidos das barricadas populares, quando em 1912 foi apeado do poder o velho oligarca Nogueira Acioli.

Durante anos, os habitantes das cercanias do Palácio e os sem teto que dormiam nas adjacências da Praça General Tibúrcio falavam de sons de música, murmúrios e arrastás de pés que pareciam vir de lá, na calada da noite, como se houvesse uma festa. Eram os fantasmas dançarinos do tempo do governador Matos Peixoto. O Governador José Carlos de Matos Peixoto governou o Ceará entre 12 de julho de 1928 a 08 de outubro de 1930, ao ser deposto pelo governo provisório de Getúlio Vargas. 

Ao final da década de 1920, Matos Peixoto costumava promover todos os sábados um animado baile no Palácio, quando, como diz o povo, “enrascava” a noite toda com sua mulher, a simpática Da. Violeta, na prazerosa companhia de seus correligionários prediletos, os chamados “maravilhas”, e na animação das valsas, polcas e mazurcas.

Em 1930, vitoriosa a Revolução de Vargas, a massa popular enxotou o governador festeiro, pondo em seu lugar o líder aliancista Fernandes Távora, que foi trazido diretamente da prisão para o Palácio.

Antes de ser deposto, Matos Peixoto vendeu o sítio que possuía no bairro do Benfica, chamado de Vila Tebaida, para o meu avô, Gervásio de Castro e Silva. Esse sítio situava-se onde hoje está o shopping Benfica. Matos Peixoto saiu fugido as pressas de Fortaleza em 1930 e deixou várias coisas nesse sítio, inclusive o retrato da mulher (Da. Violeta)  pintado à óleo em um grande quadro.

E, no meio da euforia e algazarra que costumam incendiar esses momentos de exaltação política, alguém colocou uma faixa sobre o frontispício do Palácio da Luz, em que se podia ler:

Nesta casa, a partir de agora, não se dança mais!

Outras histórias e outros fantasmas estão ligados à mitologia deste prédio, que também sediou a Casa de Cultura Raimundo Cela e hoje abriga a mais antiga academia de letras do Brasil.

sábado, 5 de fevereiro de 2022

Aluisio de Castro e Silva (meu pai) – Professor Pardal

Quem já leu as revistas de quadrinhos dos anos 60 e 70 deve se lembrar do Professor Pardal. Ele é o inventor mais famoso de Patópolis, cidade onde mora Pato Donald, seus sobrinhos, Margarida e o Tio Patinhas. Muitas vezes suas invenções não funcionam sempre da maneira que se espera, mas suas intenções são sempre boas.

A antiga Escola Técnica Federal (depois Cefet e hoje IFCE) tinha um Professor Pardal, assim seus alunos o chamavam. Seu nome é Aluisio de Castro e Silva. Aluisio, filho de Gervásio de Castro e Silva (1881-1946), neto de Deodato José de Castro e Silva (1847-1898) e bisneto do Padre Pedro José de Castro e Silva (1811-1890), nasceu em 15/05/1922 em Fortaleza e faleceu em 06/09/2018, com 96 anos. Casou em 1949 com Adelaide Moreira Pacheco - Zizinha (1921-2002).

Sua vida foi marcada por duas fases distintas: a primeira no glorioso exército brasileiro e a segunda no magistério.

A primeira fase se inicia quando Aluisio termina o Colégio Militar do Ceará (foram 6 anos de colégio) e a entrada na Escola Militar de Realengo, após os preparatórios e exames. Passou nos exames (fim de 1939), mas só entrou na Academia no meio do ano de 1940, devido ainda não ter idade suficiente (era menor de 18 anos) para ingressar. Cursou os 4 anos da Academia, saindo aspirante no meio do ano de 1944. Ainda em 1944 toda turma dele alistou-se para a FEB, houve 100% de adesão. Não chegou a ir para o palco da guerra, pois ela terminaria em abril de 1945. No exército se especializou em Comunicações. Foi instrutor dessa área por vários anos, tendo formado soldados, sargentos, suboficiais e oficiais. Serviu o exército brasileiro até o ano de 1968, indo para reserva como Coronel.

Aluisio era despido de vaidade e muito correto e honesto nas suas atitudes. Entre os meses de janeiro e abril de 1945, participou do patrulhamento do litoral cearense, juntamente com a Marinha Brasileira (submarinos alemães afundavam navios brasileiros). Anos depois o exército considerou esses oficiais e soldados que participaram de patrulhas (retaguarda) como ex-combatentes da FEB. Aluisio nunca quis essa honraria, pois segundo ele não era correto tê-la pelo simples fato de ter comandado um destacamento de patrulhamento durante poucos meses. Comandou o 1o. Batalhão de Engenharia do Exército, sediado em Caicó – RN, de fevereiro de 1962 a junho de 1963. O Batalhão tem uma galeria com as fotos do ex-comandantes, mas ele nunca quis colocar sua foto, simplesmente por falta de vaidade.

A segunda fase dele foi o magistério. Ingressou na antiga Escola Técnica Federal (hoje IFCE) no ano de 1969 e sua primeira tarefa na Escola foi criar o curso de Eletrotécnica. Naquela época não era trivial criar um curso, mas em apenas 3 meses elaborou o Plano Pedagógico e fez a implantação. Criou também o curso de Telecomunicações e coordenou esses dois cursos por vários anos. Foi nessa Escola que recebeu o carinhoso apelido de Professor Pardal, indicativo de determinada característica peculiar que possuía.

Há uma grande diferença entre professor e educador, o professor é apenas uma profissão, podendo ser exercida por qualquer pessoa que tenha uma habilitação para este fim. Educador ao contrario, não é profissão, mas dom, somente quem gosta, quem ama ensinar pode ser educador, mesmo parecendo que o trabalho é o mesmo, na verdade não é. Aluisio era um educador. Deixou uma contribuição inestimável, um legado imensurável, formando (educando) milhares de jovens, durante seus 23 anos de magistério.

Aluisio teve seu destino, sua missão (no jargão militar). Ele plantou (educou) milhares de sementes (jovens), que germinaram, creio que a maior parte, e hoje essas que germinaram estão plantando novas sementes que um dia germinarão. Há nesse legado uma continuidade, que alguns chamariam de imortalidade. Ele continua educando através das sementes que aqui na Terra plantou.

 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Ramo dos Castro e Silva que poderia ter o sobrenome Gadelha

Antigamente, ao realizar o registro de nascimento dos filhos, era de costume popular colocar somente o sobrenome do pai ou posicionar o sobrenome paterno por último. Mas nem sempre as pessoas seguiam essa prática. Muitas vezes o sobrenome da família materna era bem mais importante na região do que o sobrenome do pai.

O Capitão Francisco Xavier de Castro Silva (1764-?), filho do genearca açoriano José de Castro e Silva (1709-1784), teve uma filha, Rita Angélica de São Francisco (1791-1880), que não seguiu esta prática da ordem dos sobrenomes. Rita Angélica casou-se em janeiro de 1807 (16 anos de idade), na cidade de Cascavel,  com José Ignácio da Silveira Gadelha (?-1843), filho do notável advogado José Ignácio da Silveira Gadelha (homônimo), pernambucano de Igarassu, que foi o 1º tabelião de Aquiraz, e de Maria Ignácia Gadelha.

Segundo Borges da Fonseca no seu livro Nobiliarchia Pernambucana, a família Gadelha teve nobre origem em Manoel da Costa Gadelha, cavaleiro da Ordem de Cristo, Capitão-Mor e Governador das Armas do Rio São Francisco, patente recebida em 25/04/1675, assinada pelo Príncipe Regente D. Pedro. Manoel da Costa Gadelha lutou na guerra contra os holandeses tanto na Bahia quanto em Pernambuco. Teve vários filhos, mas o primogênito do seu 2º casamento, Jorge da Costa Gadelha, foi o patriarca das famílias Costa Gadelha e Silveira Gadelha na Província do Ceará.

Jorge da Costa Gadelha foi Coronel da Cavalaria da Capitania do Ceará Grande. Porém nunca saiu de Pernambuco, onde viveu em Igarassu como juiz ordinário até a sua morte. Casou duas vezes, a primeira com D. Mariana de Sousa com quem teve 14 filhos, sendo que o segundo filho deste casamento teve o mesmo nome do pai. Jorge da Costa Gadelha filho (homônimo do pai), veio para o Ceará por volta de 1725, juntamente com um irmão, e constituiu extensa família. Aqui no Ceará lutou na guerra dos gentios em 1727 onde houve o massacre de  mais de mil índios, ao lado do comandante da tropa e Capitão-Mor João de Barros Braga. O segundo casamento de Jorge da Costa Gadelha (pai) foi com D, Mariana Teixeira da Silveira e Albuquerque. Desse casamento teve 3 filhos, sendo que o primeiro, Antonio da Silveira Gadelha, vem a ser o pai do citado tabelião de Aquiraz, José Ignácio da Silveira Gadelha.

José Ignácio e Rita Angélica tiveram 9 filhos, sendo que 8 deles mantiveram o sobrenome do pai. Contudo, o primogênito Pedro José de Castro e Silva, que veio a ser padre, recebeu somente o sobrenome da mãe. Em 1811, quando Pedro José nasceu, a cidade de Aracati era controlada, política e financeiramente, pela família Castro e Silva e, ao mesmo tempo, esta família mantinha seus prepostos em Fortaleza, sede da província. Portanto, naquela época o sobrenome Castro e Silva era mais notável do que o Gadelha.

Caso Rita Angélica não tivesse escolhido seu sobrenome para o filho, os atuais descendentes do Padre Pedro José (inclusive o autor deste artigo) poderiam ter o sobrenome Gadelha ou Silveira Gadelha.

domingo, 12 de dezembro de 2021

Um chucrute na família Castro e Silva

Chucrute é um prato originário da Alemanha que leva repolho fermentado na sua composição. Durante a 1ª Grande Guerra e também a 2ª Grande Guerra os ingleses passaram a apelidar os soldados nazistas de chucrutes ou krauts. Esse apelido se tornou popular após dezenas de filmes de guerra usar esse termo.  

Albert Roth, judeu alemão/suíço, nasceu em uma região que fazia parte do antigo Império Germânico e que hoje pertence a atual Suíça (fronteira com o sul da Alemanha e com a região oeste da Áustria) por volta de 1840. Albert aportou no Brasil, no início da década de 1860, juntamente com seu irmão mais velho Jacob. Possivelmente viera de navio proveniente de Hamburgo, Alemanha, com os imigrantes alemães que se estabeleceram na região de São Leopoldo no Rio Grande do Sul, e na região de Joinvile, em Santa Catarina. Atualmente, o sobrenome Roth está espalhado pelo Rio Grande do Sul e pelo Rio de Janeiro.

Albert era um artesão que fabricava e reparava relógios e seu irmão era ferreiro de profissão, Os dois logo se estabeleceram na praça de Fortaleza, angariando a confiança da população que demandava seus serviços. Jacob tinha uma oficina na Rua da Palma, hoje Rua Major Facundo, em uma casa situada por detrás da Santa Casa de Misericórdia e Albert montou uma relojoaria na mesma rua, esquina com a Travessa Municipal, hoje Rua Guilherme Rocha (local do antigo prédio do hotel Savanah). Frequentemente Albert recebia encomendas de peças e relógios da Suíça que chegavam a Fortaleza de navio para atender seus ricos clientes, tornando-o um cidadão de grande prestígio na comunidade.

Em setembro de 1872, após o falecimento de seu irmão Jacob, Albert anunciou nos jornais de Fortaleza o pagamento de todos os credores do finado, mostrando suas qualidades de honradez. Em outubro do mesmo ano ele fez o leilão da oficina, liquidando todas as dívidas do irmão.

Albert casou com Eutiquina (filha do Padre Pedro José de Castro e Silva) por volta de 1865, tendo quatro filhos, 3 homens e uma mulher. Os filhos sabiam português, como se vê no cartão remetido da Alemanha por um dos filhos, Herman Roth, em 1904, o que faz supor que nasceram em Fortaleza. Em abril de 1891, já com os filhos crescidos, Albert encerra suas atividades na praça e retorna à Alemanha com sua esposa e filhos, vindo a morar em Hamburgo. Lina, sua única filha mulher, casa-se mais tarde na Alemanha e nunca mais retorna ao Brasil. Aos fins do século dezenove, Albert falece em um acidente de trem quando viajava para Berlim e a viúva passa a morar com a filha em Hamburgo.

Eutiquina vivia bem na Alemanha com a renda das casas que possuía em Fortaleza. Retornou ao Brasil no início da 1ª Grande Guerra, em 1914, para vender algumas propriedades. Tomou o último navio que saiu do porto de Hamburgo para o Brasil antes do início da guerra. A viagem ao Brasil era para durar alguns meses, mas por aqui ficou até o término da guerra em 1918. Inicialmente passou uma temporada hospedada no Hotel Central situado na Praça do Ferreira, onde ocupava o sobrado reformado de 3 andares do Comendador Machado. Esse sobrado foi demolido ao final da década de 1920, para a construção do antigo Hotel Excelsior (hoje abandonado). Ao final da guerra, Eutiquina retorna a Alemanha e não se tem mais notícias.

Dos filhos homens de Albert e Eutiquina, sabemos que um de nome Herman era da marinha mercante, na década de 1950, tendo o navio que comandava aportado em Fortaleza. Na ocasião que aqui esteve, procurou e visitou sua prima Cilência (minha avó). Um outro filho abraçara o comércio, pois teria sido guarda-livros da Brahma no Rio de Janeiro. O filho caçula, Alberto Roth Filho, se tornou um virtuoso pianista aos 16 anos, tendo participado de concertos-soirée no Clube Iracema de Fortaleza que na época funcionava no atual edifício da Secretaria Municipal de Finanças (Palácio Iracema).

Alberto Filho casou com Isabel Pinto de Mendonça, em Fortaleza, no ano de 1894. No ano seguinte mudou-se para o Rio de Janeiro onde seguiu a profissão de maestro, se apresentando por diversas vezes no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a partir de 1909, com a orquestra da cidade. Da sua união com Isabel teve os seguintes filhos: Antonio Roth, nascido em 1895, Maria (n. 1902 e f. 1990) e Helena (n. 1903 e f. 1992).

 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Como investir em períodos de recessão

O Banco Central do Brasil aumentou hoje a taxa Selic para 9,25% a.a. e o PIB recuou 0,1% no 3º. Trimestre. Será que estamos numa recessão técnica, como disse o Ministro Paulo Guedes, ou em uma estagflação? O que isso significa para o investidor? A manutenção de juros reduzidos por muito tempo, aliada a outros fatores econômicos ou não, pode provocar catástrofes, como veremos a seguir. Em momentos de inflação alta, o remédio do Banco Central é subir os juros. Quando as subidas dos juros surtem efeito, há um abrandamento do crescimento econômico. Uma diminuição muito forte do crescimento associado a uma inflação alta pode gerar uma estagflação. Nessa fase pressões inflacionárias podem perdurar enquanto houver escassez de produtos e classes de trabalhadores receberem aumentos salariais.

As baixas taxas de juros, às vezes mantidas por anos, e a disponibilidade de capital de risco podem gerar bolhas especulativas como a que ocorreu no final de década de 90 e que foi chamada de “bolha das empresas PontoCom”. O estouro da bolha foi precedido por um longo período de “exuberância irracional”, caracterizada por uma forte alta das ações das novas empresas de tecnologia da informação baseadas na Internet, nas palavras do ex-presidente do Federal Reserve Alan Greenspan. Durante o ano de 1999 até o início de 2000, o banco central americano aumentou a taxa de juros em seis vezes e houve uma ruptura na economia culminando com o estouro da bolha em 10 de março de 2000, quebrando mais de 500 empresas da noite para o dia. Nesse ano, aqui no Brasil, o Ibovespa registrou perda de quase 20%.

 

Mais recentemente, no ano de 2007, foi desencadeada uma crise imobiliária nos Estados Unidos, chamada de Crise do Subprime (dívida hipotecária) que no seu auge quebrou um dos bancos de investimentos mais tradicional dos EUA, o Lehman Brothers. Da mesma forma que a bolha da Internet, houve uma época de muita exuberância que antecedeu a crise, caracterizada pela concessão de empréstimos hipotecários de alto risco, transferência desenfreada de créditos a terceiros e uma vez mais a manutenção de juros reduzidos por longo período. Ao longo de 2007 até o ano de 2008, o banco central americano aumentou substancialmente a taxa de juros. 


Esses dois momentos foram épocas difíceis para os mercados mundiais, sendo os setores como consumo de bens de luxo, financeiro e imobiliário os mais prejudicados, tanto nos países ricos quanto nos emergentes. A crise de 2008 foi chamada aqui no Brasil de marolinha.


Após a estagflação vem a fase da “Reflação”, caracterizada por um crescimento fraco (quase zero) e uma inflação decrescente. Nessa fase, os títulos do governo oferecem melhores rentabilidades, uma vez que as expectativas futuras de inflação são de baixa e o banco central ainda terá espaço para diminuir mais ainda a taxa de juros.  


Quando a descida da taxa de juros começa a surtir efeito na economia, o crescimento recupera. Na fase de “Recuperação” os lucros das empresas aumentam, mas o excedente da capacidade dos mercados de trabalho e de produto faz com que a inflação permaneça baixa. A combinação de bons resultados das empresas com taxas de juro baixas possibilita ao investidor um cenário mais favorável para o mercado de ações. 


A partir daí, há um forte crescimento que pode gerar, após um período, obstáculos que diminuem ou mesmo impeçam o crescimento da economia. Os preços sobem e os bancos centrais aumentam as taxas para evitar pressões inflacionárias. Nessa fase, chamada de "Sobreaquecimento", as commodities e o ouro oferecem, geralmente, rendimentos mais atrativos. 


Após o Sobreaquecimento, vem novamente a fase já mencionada de "Estagflação", onde os lucros empresariais contraem-se à medida que os volumes caem e os custos sobem, mas os bancos centrais mostram-se renitentes em cortar as taxas com medo de aumentar as expectativas de inflação. Nesta fase, as commodities têm um bom comportamento, mas são arriscadas devido à diminuição da procura. 


A história tem nos mostrado que existem ciclos ou fases (Estagflação, Reflação, Recuperação e Sobreaquecimento) na economia que se sucedem em períodos variáveis. O entendimento desses ciclos é fundamental para o investidor perceber quais classes de ativos costumam ter um melhor comportamento que outras em diferentes fases do ciclo econômico.

 

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

O HERESIARCA

Recebi do meu amigo Ignácio Costa Neto o livro “O Heresiarca, Deus criando as religiões e nelas intervindo”. O livro é um incentivo ao retorno do homem hodierno, atual, ao interesse por sua inata religiosidade. O livro está dividido em 19 capítulos, sendo que os 17 primeiros reúnem argumentos que justificam a conclusão do capítulo 18.

O autor do livro, Ignácio Costa Neto foi meu colega por quase 7 anos no glorioso Colégio Militar de Fortaleza, entre os anos de 1965 a 1971. Convivemos neste tempo e aprendemos a ter disciplina, dedicação, respeito pelo próximo e pelos superiores. Em 1972 trilhamos caminhos diferentes, ele foi para a Engenharia Civil da UFC e eu fui para Engenharia Química da mesma universidade. Anos mais já tarde, ambos já formados, nos encontramos casuisticamente após um concurso nacional para a Caixa Econômica Federal. Ele passou em primeiro lugar nesse concurso e se tornou o Chefe da Unidade de Engenharia da Caixa. Durante anos, continuamos nos encontrando esporadicamente para relembrar nossas peripécias e colegas do Colégio. Após a sua aposentadoria, Ignácio fez um novo concurso para Auditor de Tributos da Prefeitura de Fortaleza, onde hoje se encontra.

O livro é para ser lido, no meu entendimento, de forma vagarosa, saboreando cada um dos capítulos, parágrafos, frases e palavras, como se estivesse comendo bem lentamente ("pipando" como se dizia antigamente) um doce de leite. O leitor deve estar preparado para a filosofia e filósofos citados, para as reflexões e deve estar despido de qualquer preconceito. Parabenizo o Ignácio pelas ideias, reflexões, narrativas e histórias que são úteis para qualquer leitor. Parabenizo pelo trabalho, dedicação, disciplina (aprendemos no CMF) e coragem para expor suas convicções.