Quem trabalhou algum tempo com programação de computadores certamente ouviu falar da expressão “Dividir para Conquistar”. É uma estratégia e também um paradigma algorítmico semelhante ao paradigma da Programação Dinâmica. Envolve quebrar um problema complexo em partes menores e mais fáceis de lidar, a fim de resolvê-lo de forma mais eficaz. Essa abordagem é comumente usada em diversas áreas, como na resolução de problemas matemáticos, de engenharia e até mesmo em estratégias políticas e militares. Ao lidar com um desafio, ao invés de tentar resolvê-lo como um todo, a estratégia de dividir para conquistar sugere abordar cada parte separadamente para alcançar a solução geral. Um algoritmo de dividir para conquistar típico resolve um problema em três etapas. A primeira é dividir, isto é, quebrar o problema em subproblemas que sejam partes menores do mesmo problema. A segunda é conquistar, ou seja, resolver os subproblemas recursivamente. E a terceira é resolver os subproblemas como problemas base, caso eles sejam suficientemente pequenos.
O termo, embora já conhecido na Antiguidade, foi cunhado pelo imperador romano Júlio César (divide et impera) em seu livro “De Bello Gallico” (Guerra das Gálias), que explicou como a vitória romana na guerra gaulesa era essencialmente uma política de dividir seus inimigos, aliar com tribos individuais durante suas disputas com adversários locais. Essa estratégia também foi utilizada pelo imperador francês Napoleão (divide ut regnes).
A estratégia “Dividir para Liquidar” apresenta uma abordagem semelhante a anterior. A palavra Liquidar tem a mesma etimologia da palavra Liquidez, do Latim Liquidare, de liquidus, “fluido, umidade, líquido”, de liqui, “derreter, escorrer, fluir”. Então essa estratégia envolve a divisão do problema para se ter liquidez ou para liquidar como “limpar uma dívida, quitá-la, enxugá-la”. Esta estratégia pode ser aplicada em uma carteira de investimentos financeiros, por exemplo.
Investidores devem sempre observar o tripé Rentabilidade, Liquidez e Segurança em suas aplicações financeiras. Rentabilidade, liquidez e segurança são conceitos-chave em finanças e investimentos. Ao investir, é essencial encontrar um equilíbrio entre os três com base em seus objetivos financeiros, tolerância ao risco e horizonte de investimento.
A Rentabilidade refere-se ao potencial de ganho ou retorno financeiro que um investimento pode proporcionar ao investidor. Investimentos com maior potencial de rentabilidade geralmente vêm acompanhados de um nível mais elevado de risco. É importante considerar a relação entre risco e retorno ao tomar decisões de investimento.
A Liquidez refere-se à facilidade com que um investimento pode ser convertido em dinheiro sem perda significativa de valor. Investimentos líquidos podem ser rapidamente convertidos em dinheiro, enquanto investimentos menos líquidos podem levar mais tempo ou resultar em perdas financeiras ao serem resgatados antecipadamente.
E por fim a Segurança refere-se à proteção do capital investido contra perdas. Investimentos considerados seguros geralmente têm um risco mais baixo associado a eles, como investimentos em títulos do governo, contas de poupança e CDB (Certificado de Depósito Bancário), estes dois últimos garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). A segurança é um aspecto fundamental a ser considerado na construção de um portfólio de investimentos equilibrado.
Muitas vezes os investidores conseguem bons investimentos que oferecem somente dois dos aspectos ou conceitos citados. Por exemplo, conseguem uma boa rentabilidade em um produto com proteção do capital, isto é com segurança. Porém a liquidez fica a desejar, resultando dificuldades em converter rapidamente em dinheiro o valor investido.
A ideia da estratégia “Dividir para Liquidar’ é obter uma pseudo liquidez de forma que o investidor consiga encontrar o equilíbrio entre os três aspectos-chave. Imagine um investidor de nome Patinhas que aplique seu dinheiro em renda fixa, CDB, por exemplo. O mercado financeiro oferta CDB com resgate diário ou com resgate somente no vencimento. Os CDBs com resgate diário oferecem rentabilidades menores que os de vencimento. Então, Patinhas sempre irá aplicar em CDBs com resgate no vencimento. Imagine que Patinhas tem um capital, por exemplo 21 mil reais, que possa dividir esse montante em pequenas partes de mil reais. Patinhas poderá escolher um período de um ano para resgatar seu CDB. Ele tem duas alternativas. Uma aplicar todo seu capital em um único CDB que será resgatado daqui a um ano. A outra é aplicar diariamente mil reais durante os 21 dias úteis do mês, que será resgatado diariamente, durante 21 dias, após um ano.
A primeira vista pergunta-se: qual a vantagem dessa estratégia? Nenhuma. Porém se Patinhas usar essa estratégia diariamente durante algum tempo, por exemplo, um ano, ele ao final terá liquidez diária dos pequenos capitais investidos. Agora imagine que Patinhas possa fazer novos aportes a sua carteira (esse cara ganha dinheiro, hein!) no decorrer do ano. Ele sabe que o ano tem 252 dias úteis, podendo aplicar mil reais em cada dia e, a partir daí, os juros compostos fazem seu trabalho de aumentar o capital do Patinhas. Após um ano, Patinhas terá liquidez diária, não de todo seu capital empregado, mas de parte dele. Então, essa estratégia requer tempo para o investidor obter resultados, mas poderá ter rentabilidade, segurança e liquidez do capital investido.
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