Antigamente, ao realizar o registro de nascimento dos filhos, era de costume popular colocar somente o sobrenome do pai ou posicionar o sobrenome paterno por último. Mas nem sempre as pessoas seguiam essa prática. Muitas vezes o sobrenome da família materna era bem mais importante na região do que o sobrenome do pai.
O Capitão Francisco Xavier de Castro Silva (1764-?), filho do genearca açoriano José de Castro e Silva (1709-1784), teve uma filha, Rita Angélica de São Francisco (1791-1880), que não seguiu esta prática da ordem dos sobrenomes. Rita Angélica casou-se em janeiro de 1807 (16 anos de idade), na cidade de Cascavel, com José Ignácio da Silveira Gadelha (?-1843), filho do notável advogado José Ignácio da Silveira Gadelha (homônimo), pernambucano de Igarassu, que foi o 1º tabelião de Aquiraz, e de Maria Ignácia Gadelha.
Segundo Borges da Fonseca no seu livro Nobiliarchia Pernambucana, a família Gadelha teve nobre origem em Manoel da Costa Gadelha, cavaleiro da Ordem de Cristo, Capitão-Mor e Governador das Armas do Rio São Francisco, patente recebida em 25/04/1675, assinada pelo Príncipe Regente D. Pedro. Manoel da Costa Gadelha lutou na guerra contra os holandeses tanto na Bahia quanto em Pernambuco. Teve vários filhos, mas o primogênito do seu 2º casamento, Jorge da Costa Gadelha, foi o patriarca das famílias Costa Gadelha e Silveira Gadelha na Província do Ceará.
Jorge da Costa Gadelha foi Coronel da Cavalaria da Capitania do Ceará Grande. Porém nunca saiu de Pernambuco, onde viveu em Igarassu como juiz ordinário até a sua morte. Casou duas vezes, a primeira com D. Mariana de Sousa com quem teve 14 filhos, sendo que o segundo filho deste casamento teve o mesmo nome do pai. Jorge da Costa Gadelha filho (homônimo do pai), veio para o Ceará por volta de 1725, juntamente com um irmão, e constituiu extensa família. Aqui no Ceará lutou na guerra dos gentios em 1727 onde houve o massacre de mais de mil índios, ao lado do comandante da tropa e Capitão-Mor João de Barros Braga. O segundo casamento de Jorge da Costa Gadelha (pai) foi com D, Mariana Teixeira da Silveira e Albuquerque. Desse casamento teve 3 filhos, sendo que o primeiro, Antonio da Silveira Gadelha, vem a ser o pai do citado tabelião de Aquiraz, José Ignácio da Silveira Gadelha.
José Ignácio e Rita Angélica tiveram 9 filhos, sendo que 8 deles mantiveram o sobrenome do pai. Contudo, o primogênito Pedro José de Castro e Silva, que veio a ser padre, recebeu somente o sobrenome da mãe. Em 1811, quando Pedro José nasceu, a cidade de Aracati era controlada, política e financeiramente, pela família Castro e Silva e, ao mesmo tempo, esta família mantinha seus prepostos em Fortaleza, sede da província. Portanto, naquela época o sobrenome Castro e Silva era mais notável do que o Gadelha.
Caso Rita Angélica não tivesse escolhido seu sobrenome para o filho, os atuais descendentes do Padre Pedro José (inclusive o autor deste artigo) poderiam ter o sobrenome Gadelha ou Silveira Gadelha.
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