No último artigo escrevi sobre a linhagem real da família Castro e Silva. Neste tratarei da linhagem de batina desta família, tendo o Padre Pedro José de Castro e Silva como figura central. O Padre Pedro nasceu em 28/03/1811 e faleceu em Fortaleza, com 79 anos de idade, em 29/01/1890. Bisneto do genearca da família Castro e Silva no Ceará, o açoriano José de Castro e Silva.
Filho primogênito entre nove irmãos, desempenhou o papel de chefe da clã, mantendo irmãos, cunhados, filhos, sobrinhos e netos sob rédeas curtas. Teve oito filhos, quatro homens e quatro mulheres, e mais de três dezenas de netos. Meu pai dizia que minha avó Cilencia (neta do padre Pedro) não usava o pronome de tratamento vossa reverendíssima e nem o chamava de padre quando se referia a ele. Chamava-o de Coronel, mas de uma forma quase inaudível, tamanho era o respeito e medo que o padre causava, mesmo depois de morto.
O sacerdotalis caelibatus, a jóia da castidade, não foi empecilho para o Padre se unir a sua companheira, Thereza de Jesus Maria, nascida em 1820 e falecida em 04/02/1879. O Padre sabia que não havia uma só palavra nas Escrituras Sagradas que impusesse o celibato sacerdotal. O amor da Sinhá Thereza não o levou a largar a batina.
Sinhá Thereza foi sepultada em Fortaleza no cemitério São João Batista. Consta em seu testamento (*) que ela morava na Chácara "São Sebastião", na cidade de Fortaleza. Provavelmente a chácara era um dos sítios que essa proprietária de sete escravos deixou, localizado "por detrás da antiga Igreja de São Sebastião", onde havia uma grande casa com plantações e fruteiras (nos anos de 1960 este local era conhecido como Jardim Japonês). A igreja ou capela situava-se no canto sudoeste da Praça São Sebastião, no início da Av. Bezerra de Menezes, em Fortaleza. A chácara localizava-se onde hoje é o Assai Atacadista, na mesma avenida. (*) Referência: APEC-COF, Inventário de Theresa de Jesus Maria, 11 de julho de 1879, maço 181.
Parafraseando o poeta sobralense Fco. José Ferreira Gomes: "Seu Vigário", teve uma cambada de meninos e meninas, nascidos de seus amores com a Sinhá Thereza, sua doce companheira, mas também devia ser cozinheira, lavadeira, copeira, arrumadeira e amante nas horas de folga - quando o Padre fechava o Breviário (livro com os ofícios que os sacerdotes devem ler todos os dias) muito pesado, com milhares de páginas, contendo muito latim e muitos salmos, ele passava a ouvir e sentir outros salmos, os de Sinhá, que tinham gosto de mel.
Nos próximos artigos deste blog postarei novas estórias do Padre Pedro, uma delas contada pelo grande escritor cearense Gustavo Barroso.
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