sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Ramo dos Castro e Silva que poderia ter o sobrenome Gadelha

Antigamente, ao realizar o registro de nascimento dos filhos, era de costume popular colocar somente o sobrenome do pai ou posicionar o sobrenome paterno por último. Mas nem sempre as pessoas seguiam essa prática. Muitas vezes o sobrenome da família materna era bem mais importante na região do que o sobrenome do pai.

O Capitão Francisco Xavier de Castro Silva (1764-?), filho do genearca açoriano José de Castro e Silva (1709-1784), teve uma filha, Rita Angélica de São Francisco (1791-1880), que não seguiu esta prática da ordem dos sobrenomes. Rita Angélica casou-se em janeiro de 1807 (16 anos de idade), na cidade de Cascavel,  com José Ignácio da Silveira Gadelha (?-1843), filho do notável advogado José Ignácio da Silveira Gadelha (homônimo), pernambucano de Igarassu, que foi o 1º tabelião de Aquiraz, e de Maria Ignácia Gadelha.

Segundo Borges da Fonseca no seu livro Nobiliarchia Pernambucana, a família Gadelha teve nobre origem em Manoel da Costa Gadelha, cavaleiro da Ordem de Cristo, Capitão-Mor e Governador das Armas do Rio São Francisco, patente recebida em 25/04/1675, assinada pelo Príncipe Regente D. Pedro. Manoel da Costa Gadelha lutou na guerra contra os holandeses tanto na Bahia quanto em Pernambuco. Teve vários filhos, mas o primogênito do seu 2º casamento, Jorge da Costa Gadelha, foi o patriarca das famílias Costa Gadelha e Silveira Gadelha na Província do Ceará.

Jorge da Costa Gadelha foi Coronel da Cavalaria da Capitania do Ceará Grande. Porém nunca saiu de Pernambuco, onde viveu em Igarassu como juiz ordinário até a sua morte. Casou duas vezes, a primeira com D. Mariana de Sousa com quem teve 14 filhos, sendo que o segundo filho deste casamento teve o mesmo nome do pai. Jorge da Costa Gadelha filho (homônimo do pai), veio para o Ceará por volta de 1725, juntamente com um irmão, e constituiu extensa família. Aqui no Ceará lutou na guerra dos gentios em 1727 onde houve o massacre de  mais de mil índios, ao lado do comandante da tropa e Capitão-Mor João de Barros Braga. O segundo casamento de Jorge da Costa Gadelha (pai) foi com D, Mariana Teixeira da Silveira e Albuquerque. Desse casamento teve 3 filhos, sendo que o primeiro, Antonio da Silveira Gadelha, vem a ser o pai do citado tabelião de Aquiraz, José Ignácio da Silveira Gadelha.

José Ignácio e Rita Angélica tiveram 9 filhos, sendo que 8 deles mantiveram o sobrenome do pai. Contudo, o primogênito Pedro José de Castro e Silva, que veio a ser padre, recebeu somente o sobrenome da mãe. Em 1811, quando Pedro José nasceu, a cidade de Aracati era controlada, política e financeiramente, pela família Castro e Silva e, ao mesmo tempo, esta família mantinha seus prepostos em Fortaleza, sede da província. Portanto, naquela época o sobrenome Castro e Silva era mais notável do que o Gadelha.

Caso Rita Angélica não tivesse escolhido seu sobrenome para o filho, os atuais descendentes do Padre Pedro José (inclusive o autor deste artigo) poderiam ter o sobrenome Gadelha ou Silveira Gadelha.

domingo, 12 de dezembro de 2021

Um chucrute na família Castro e Silva

Chucrute é um prato originário da Alemanha que leva repolho fermentado na sua composição. Durante a 1ª Grande Guerra e também a 2ª Grande Guerra os ingleses passaram a apelidar os soldados nazistas de chucrutes ou krauts. Esse apelido se tornou popular após dezenas de filmes de guerra usar esse termo.  

Albert Roth, judeu alemão/suíço, nasceu em uma região que fazia parte do antigo Império Germânico e que hoje pertence a atual Suíça (fronteira com o sul da Alemanha e com a região oeste da Áustria) por volta de 1840. Albert aportou no Brasil, no início da década de 1860, juntamente com seu irmão mais velho Jacob. Possivelmente viera de navio proveniente de Hamburgo, Alemanha, com os imigrantes alemães que se estabeleceram na região de São Leopoldo no Rio Grande do Sul, e na região de Joinvile, em Santa Catarina. Atualmente, o sobrenome Roth está espalhado pelo Rio Grande do Sul e pelo Rio de Janeiro.

Albert era um artesão que fabricava e reparava relógios e seu irmão era ferreiro de profissão, Os dois logo se estabeleceram na praça de Fortaleza, angariando a confiança da população que demandava seus serviços. Jacob tinha uma oficina na Rua da Palma, hoje Rua Major Facundo, em uma casa situada por detrás da Santa Casa de Misericórdia e Albert montou uma relojoaria na mesma rua, esquina com a Travessa Municipal, hoje Rua Guilherme Rocha (local do antigo prédio do hotel Savanah). Frequentemente Albert recebia encomendas de peças e relógios da Suíça que chegavam a Fortaleza de navio para atender seus ricos clientes, tornando-o um cidadão de grande prestígio na comunidade.

Em setembro de 1872, após o falecimento de seu irmão Jacob, Albert anunciou nos jornais de Fortaleza o pagamento de todos os credores do finado, mostrando suas qualidades de honradez. Em outubro do mesmo ano ele fez o leilão da oficina, liquidando todas as dívidas do irmão.

Albert casou com Eutiquina (filha do Padre Pedro José de Castro e Silva) por volta de 1865, tendo quatro filhos, 3 homens e uma mulher. Os filhos sabiam português, como se vê no cartão remetido da Alemanha por um dos filhos, Herman Roth, em 1904, o que faz supor que nasceram em Fortaleza. Em abril de 1891, já com os filhos crescidos, Albert encerra suas atividades na praça e retorna à Alemanha com sua esposa e filhos, vindo a morar em Hamburgo. Lina, sua única filha mulher, casa-se mais tarde na Alemanha e nunca mais retorna ao Brasil. Aos fins do século dezenove, Albert falece em um acidente de trem quando viajava para Berlim e a viúva passa a morar com a filha em Hamburgo.

Eutiquina vivia bem na Alemanha com a renda das casas que possuía em Fortaleza. Retornou ao Brasil no início da 1ª Grande Guerra, em 1914, para vender algumas propriedades. Tomou o último navio que saiu do porto de Hamburgo para o Brasil antes do início da guerra. A viagem ao Brasil era para durar alguns meses, mas por aqui ficou até o término da guerra em 1918. Inicialmente passou uma temporada hospedada no Hotel Central situado na Praça do Ferreira, onde ocupava o sobrado reformado de 3 andares do Comendador Machado. Esse sobrado foi demolido ao final da década de 1920, para a construção do antigo Hotel Excelsior (hoje abandonado). Ao final da guerra, Eutiquina retorna a Alemanha e não se tem mais notícias.

Dos filhos homens de Albert e Eutiquina, sabemos que um de nome Herman era da marinha mercante, na década de 1950, tendo o navio que comandava aportado em Fortaleza. Na ocasião que aqui esteve, procurou e visitou sua prima Cilência (minha avó). Um outro filho abraçara o comércio, pois teria sido guarda-livros da Brahma no Rio de Janeiro. O filho caçula, Alberto Roth Filho, se tornou um virtuoso pianista aos 16 anos, tendo participado de concertos-soirée no Clube Iracema de Fortaleza que na época funcionava no atual edifício da Secretaria Municipal de Finanças (Palácio Iracema).

Alberto Filho casou com Isabel Pinto de Mendonça, em Fortaleza, no ano de 1894. No ano seguinte mudou-se para o Rio de Janeiro onde seguiu a profissão de maestro, se apresentando por diversas vezes no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a partir de 1909, com a orquestra da cidade. Da sua união com Isabel teve os seguintes filhos: Antonio Roth, nascido em 1895, Maria (n. 1902 e f. 1990) e Helena (n. 1903 e f. 1992).

 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Como investir em períodos de recessão

O Banco Central do Brasil aumentou hoje a taxa Selic para 9,25% a.a. e o PIB recuou 0,1% no 3º. Trimestre. Será que estamos numa recessão técnica, como disse o Ministro Paulo Guedes, ou em uma estagflação? O que isso significa para o investidor? A manutenção de juros reduzidos por muito tempo, aliada a outros fatores econômicos ou não, pode provocar catástrofes, como veremos a seguir. Em momentos de inflação alta, o remédio do Banco Central é subir os juros. Quando as subidas dos juros surtem efeito, há um abrandamento do crescimento econômico. Uma diminuição muito forte do crescimento associado a uma inflação alta pode gerar uma estagflação. Nessa fase pressões inflacionárias podem perdurar enquanto houver escassez de produtos e classes de trabalhadores receberem aumentos salariais.

As baixas taxas de juros, às vezes mantidas por anos, e a disponibilidade de capital de risco podem gerar bolhas especulativas como a que ocorreu no final de década de 90 e que foi chamada de “bolha das empresas PontoCom”. O estouro da bolha foi precedido por um longo período de “exuberância irracional”, caracterizada por uma forte alta das ações das novas empresas de tecnologia da informação baseadas na Internet, nas palavras do ex-presidente do Federal Reserve Alan Greenspan. Durante o ano de 1999 até o início de 2000, o banco central americano aumentou a taxa de juros em seis vezes e houve uma ruptura na economia culminando com o estouro da bolha em 10 de março de 2000, quebrando mais de 500 empresas da noite para o dia. Nesse ano, aqui no Brasil, o Ibovespa registrou perda de quase 20%.

 

Mais recentemente, no ano de 2007, foi desencadeada uma crise imobiliária nos Estados Unidos, chamada de Crise do Subprime (dívida hipotecária) que no seu auge quebrou um dos bancos de investimentos mais tradicional dos EUA, o Lehman Brothers. Da mesma forma que a bolha da Internet, houve uma época de muita exuberância que antecedeu a crise, caracterizada pela concessão de empréstimos hipotecários de alto risco, transferência desenfreada de créditos a terceiros e uma vez mais a manutenção de juros reduzidos por longo período. Ao longo de 2007 até o ano de 2008, o banco central americano aumentou substancialmente a taxa de juros. 


Esses dois momentos foram épocas difíceis para os mercados mundiais, sendo os setores como consumo de bens de luxo, financeiro e imobiliário os mais prejudicados, tanto nos países ricos quanto nos emergentes. A crise de 2008 foi chamada aqui no Brasil de marolinha.


Após a estagflação vem a fase da “Reflação”, caracterizada por um crescimento fraco (quase zero) e uma inflação decrescente. Nessa fase, os títulos do governo oferecem melhores rentabilidades, uma vez que as expectativas futuras de inflação são de baixa e o banco central ainda terá espaço para diminuir mais ainda a taxa de juros.  


Quando a descida da taxa de juros começa a surtir efeito na economia, o crescimento recupera. Na fase de “Recuperação” os lucros das empresas aumentam, mas o excedente da capacidade dos mercados de trabalho e de produto faz com que a inflação permaneça baixa. A combinação de bons resultados das empresas com taxas de juro baixas possibilita ao investidor um cenário mais favorável para o mercado de ações. 


A partir daí, há um forte crescimento que pode gerar, após um período, obstáculos que diminuem ou mesmo impeçam o crescimento da economia. Os preços sobem e os bancos centrais aumentam as taxas para evitar pressões inflacionárias. Nessa fase, chamada de "Sobreaquecimento", as commodities e o ouro oferecem, geralmente, rendimentos mais atrativos. 


Após o Sobreaquecimento, vem novamente a fase já mencionada de "Estagflação", onde os lucros empresariais contraem-se à medida que os volumes caem e os custos sobem, mas os bancos centrais mostram-se renitentes em cortar as taxas com medo de aumentar as expectativas de inflação. Nesta fase, as commodities têm um bom comportamento, mas são arriscadas devido à diminuição da procura. 


A história tem nos mostrado que existem ciclos ou fases (Estagflação, Reflação, Recuperação e Sobreaquecimento) na economia que se sucedem em períodos variáveis. O entendimento desses ciclos é fundamental para o investidor perceber quais classes de ativos costumam ter um melhor comportamento que outras em diferentes fases do ciclo econômico.

 

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

O HERESIARCA

Recebi do meu amigo Ignácio Costa Neto o livro “O Heresiarca, Deus criando as religiões e nelas intervindo”. O livro é um incentivo ao retorno do homem hodierno, atual, ao interesse por sua inata religiosidade. O livro está dividido em 19 capítulos, sendo que os 17 primeiros reúnem argumentos que justificam a conclusão do capítulo 18.

O autor do livro, Ignácio Costa Neto foi meu colega por quase 7 anos no glorioso Colégio Militar de Fortaleza, entre os anos de 1965 a 1971. Convivemos neste tempo e aprendemos a ter disciplina, dedicação, respeito pelo próximo e pelos superiores. Em 1972 trilhamos caminhos diferentes, ele foi para a Engenharia Civil da UFC e eu fui para Engenharia Química da mesma universidade. Anos mais já tarde, ambos já formados, nos encontramos casuisticamente após um concurso nacional para a Caixa Econômica Federal. Ele passou em primeiro lugar nesse concurso e se tornou o Chefe da Unidade de Engenharia da Caixa. Durante anos, continuamos nos encontrando esporadicamente para relembrar nossas peripécias e colegas do Colégio. Após a sua aposentadoria, Ignácio fez um novo concurso para Auditor de Tributos da Prefeitura de Fortaleza, onde hoje se encontra.

O livro é para ser lido, no meu entendimento, de forma vagarosa, saboreando cada um dos capítulos, parágrafos, frases e palavras, como se estivesse comendo bem lentamente ("pipando" como se dizia antigamente) um doce de leite. O leitor deve estar preparado para a filosofia e filósofos citados, para as reflexões e deve estar despido de qualquer preconceito. Parabenizo o Ignácio pelas ideias, reflexões, narrativas e histórias que são úteis para qualquer leitor. Parabenizo pelo trabalho, dedicação, disciplina (aprendemos no CMF) e coragem para expor suas convicções.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Os Castro e Silva de Cascavel - Ceará

O açoriano José de Castro e Silva (1709-1784), patriarca da família Castro e Silva, aportou no Ceará por volta de 1745, desembarcando no povoado de Aracati. Casou-se em 27/05/1748 na Fazenda Passagem das Pedras (hoje situada na cidade de Itaiçaba) com Anna Clara da Silva Cruz (1732-1790), filha de Antônio Silva da Cruz (natural da Freguesia do Espírito Santo em Lisboa) e de Teresa Maria de Jesus (viúva de José Ferreira Collaço e descendente da família Bezerra de Meneses). José foi proprietário de terras no Palhano e do sítio Juazeiro, herdado por seu filho João. Seus 10 filhos nasceram, foram criados e educados no sítio Juazeiro, próximo a cidade de Aracati.  

Os dois filhos mais velhos ocuparam os principais cargos da cidade de Aracati. O primogênito era o coletor de impostos e tesoureiro na localidade e o segundo filho foi Capitão-Mor da cidade. Já no final do século XVIII, os Castro e Silva detinham poder político e econômico da província do Ceará e mantinham prepostos em Fortaleza, cidade que naquela época representava o poder militar. Talvez por falta de oportunidade em Aracati, outros quatro filhos de José foram morar em outras cidades do Ceará, sendo um em Fortaleza (capital da província), um em Sobral (região norte) e dois em Cascavel (vila situada a meio caminho entre Aracati e Fortaleza). Os dois filhos que se fixaram em Cascavel, o Capitão Francisco Xavier de Castro e Silva (1764-?) e o Padre Joaquim José de Castro e Silva (1772-1824), vieram para a vila por volta de 1789.

Francisco Xavier, o mais velho dos dois, ocupou o posto de capitão de ordenanças na vila de Cascavel. A estrutura militar lusitana do último terço do século XVIII, que se transferiu para o Brasil, se dividia basicamente em dois tipos específicos de força: os Corpos Regulares (conhecidos também por Tropa Paga ou de Linha) e os Corpos Irregulares ou de Ordenanças. Os Corpos Regulares formavam o exército “profissional”, sendo a única força paga pela Fazenda Real. Essa força organizava-se em regimentos, terços e companhias, cujo comando pertencia a fidalgos de nomeação real. Teoricamente, dedicavam-se exclusivamente às atividades militares.

Os Corpos de Ordenanças, conhecidos por paisanos armados, possuíam um forte caráter local, pois eram recrutados dentre os indivíduos da população masculina da localidade. Os componentes do Corpo de Ordenanças não recebiam soldo, permaneciam em seus serviços particulares e, somente em caso de grave perturbação da ordem pública, abandonavam suas atividades. Os postos do Corpo de Ordenanças de mais alta patente eram na ordem de hierarquia: capitão-mor, sargento-mor e o capitão de ordenanças.

Os capitães-mores, além de funções militares, eram também responsáveis por representar o governo e chefiar parte da administração pública na sua cidade. A maior parte da administração pública era exercida pelos indivíduos eleitos da Câmara (hoje vereadores) que formavam o Conselho da vila ou cidade. O cargo de capitão-mor era perpétuo, ocupado pelas “pessoas principais” do local e conferia a seus ocupantes “nobreza vitalícia”.

O posto de capitão de ordenanças, hierarquicamente inferior ao de capitão-mor, era em muitos casos, a porta de entrada para os nomeados atestarem seu valor e conseguirem alcançar uma patente mais alta. O capitão de ordenanças era responsável por recrutar os indivíduos que formavam a força militar local e por comandar, em caso de necessidade, as companhias dos regimentos.

O Capitão Francisco Xavier comandou o corpo de ordenanças de Cascavel até o seu falecimento. Casou-se em 08/06/1790, na capela de Nossa Senhora do Ó de Cascavel, com Anna Thereza de Jesus (1769-?). Dessa união nasceram três filhos, que se tem conhecimento da existência deles: Rita Angélica de São Francisco (1791-1880), Manoel de Castro e Silva (1794-?) e Luiz de Castro e Silva (1796-?). 

Rita Angélica casou-se em janeiro de 1807 (16 anos de idade), na cidade de Cascavel,  com José Ignácio da Silveira e Silva (?-1843), filho do notável advogado José Ignácio da Silveira Gadelha, pernambucano de Igarassu, que foi o 1º tabelião de Aquiraz, e de Maria Ignácia Gadelha. Rita Angélica faleceu em Aquiraz aos 89 anos de idade e 37 anos de viuvez. Teve 8 filhos entre eles o Padre Pedro José de Castro e Silva (1811-1889), meu trisavô.

Aqui cabe ressaltar que o Padre Pedro era descendente, por parte de mãe, da família Castro e Silva e, por parte de pai, da nobre família Gadelha de Pernambuco. Seu tetravô, o português Manoel da Costa Gadelha veio para o Brasil servir na guerra contra os holandeses. Após a restauração de Pernambuco, Manoel reivindicou o status de nobreza (cavaleiro da Ordem de Cristo, capitão-mor e governador das armas do rio São Francisco), junto à corte portuguesa, a fim de compensar as perdas sofridas na guerra.

O filho caçula do Capitão Francisco Xavier de Castro e Silva, de nome Luiz, se fixou em Cascavel e se tornou agricultor e grande proprietário de terras na região de Tijucussu, próximo da praia da Caponga. Casou com Anna Gonçalves (Sinhá Aninha) e dessa união teve uma filha, Angelina Sabina, que veio a se casar com um membro da família Goes, gerando vários descendentes na cidade de Fortaleza.

O Padre Joaquim José (filho caçula do patriarca José de Castro e Silva), irmão do Capitão Francisco Xavier, viveu em concubinato com a irmã de Anna Thereza (mulher de Francisco), chamada Ignácia Maria de Jesus. Essas irmãs eram filhas do Capitão Antonio José Pereira Leite, português, nascido em Guimarães e de Angélica Francisca Rabelo Vieira. Esse Padre teve 2 filhos com Ignácia: Jose Marcos de Castro e Silva (1814-1867) e Joaquim Emygdio de Castro e Silva (1816-?).

José Marcos foi o 10 tabelião de Cascavel e seu cartório passou por mais de 5 gerações da sua família. Atualmente, um dos cartórios da cidade pertence aos descendentes dele. O segundo filho, Joaquim Emygdio, teve descendentes que incorporaram o nome Emygdio ou Emigdio, como segundo nome. Quase todos Emígdio de Castro do Ceará são provenientes do filho mais novo do Padre Joaquim. 

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Onde investir em renda fixa com vencimento até 2 anos

O boletim Focus do Banco Central mostra projeções da expectativa do mercado para a inflação (IPCA), câmbio, preços administrados, meta Selic e outros índices. Segundo o último relatório Focus do dia 12/07/2021, a taxa SELIC deve chegar a 6,63% até o final de 2021 e se manterá neste patamar em 2022 com ligeira alta. Já o câmbio deve fechar o ano no nível de R$ 5,05 por dólar.

 

2021

2022

2023

IPCA

6,32

3,71

3,25

Câmbio

5,05

5,20

5,00

Meta SELIC

6,63

7,00

6,50

IGPM

18,35

4,60

4,00

Preços Administrados

9,70

4,50

3,75

Taxas projetadas pelo Relatório Focus do BC de 12/07/2021

O IBGE anunciou o IPCA do mês de junho de 2021 em 0,53%. Com isso, a inflação dos 12 últimos meses está no patamar de 8,35%, bem superior ao esperado, ocasionando pressão sobre os juros de curto prazo. Essa persistência da inflação em patamares elevados gerou nos últimos meses altas sucessivas da Selic, hoje em 4,25%, e provocou um sentimento de insegurança sobre possíveis desestímulos na economia para conter a inflação. Contudo, a curva de juros de longo prazo (que indica o nível de incertezas para o futuro) já é perceptível essa tendência com os juros DI com vencimento em 2027 saltando de 6,40% para 8,60%.

Se o COPOM aumentar a SELIC para 6,50% até o final de 2021 e mantiver a mesma taxa em 2022, o CDI terminará no ano de 2021 (acumulado) em 4,05% e manterá próximo de 6,50% em 2022, projetando uma taxa mensal de 0,52%.

Alguns analistas do mercado financeiro já trabalham com uma projeção de 8,50% para a taxa de juros. Outros acreditam que a taxa não passará de 7,50%, mas será superior a taxa de 6,50% projetada pelo Banco Central há uma semana atrás. Acredita-se que por causa da inflação e das eleições no ano que vem, os juros devem precificar para cima, principalmente se um candidato com visão mais socialista ganhar a eleição. No entanto, lembre-se que juros elevados é a principal medida do Banco Central para conter a inflação, mas por outro lado inibem o crescimento do País (PIB).

Considerando que o País tem passado continuamente por diversas crises desde o primeiro presidente (Marechal Deodoro) e que elas são de natureza moral, política, fiscal e econômica, pode-se afirmar, sem pestanejar, que o futuro do Brasil é incerto e sempre será. A instabilidade política e econômica atual não permite cravar uma inflação perto da meta projetada, e consequentemente, a precificação dos juros para cima é inevitável.  

Observando os ativos de renda fixa, de emissão bancária, ofertados pelo mercado no mês de julho, verifica-se uma maior oferta de ativos pós-fixados em CDI e de prefixados e uma pequena oferta de ativos atrelados ao IPCA. Isto deixa claro que as instituições bancárias estão céticas em relação a uma inflação em torno de 6,30% ao final de 2021 e mais descrentes ainda com a taxa projetada de 3,75% para 2022. A tabela abaixo mostra as taxas médias de CDB, LCI e LCA ofertados em 12/07/2021 pelo mercado de renda fixa, com vencimentos em 1 e 2 anos.

Ativo

Vencimento em 12/07/2022

Vencimento em 12/07/2023

 

Prefixado

Pós – CDI

IPCA+fixo

Prefixado

Pós - CDI

IPCA+fixo

CDB

8,00%

125%

Ipca+2,10%

9,55%

130%

Ipca+3,80%

LCI / LCA

7,00%

102%

Ipca+1,15%

7,70%

105%

Ipca+2,50%

Taxa média dos ativos com mais retorno em 12/07/2021

Em um artigo publicado neste blog em março passado, recomendei que os investidores aplicassem no curto prazo, no máximo dois anos diante das incertezas que atravessam o País e fugissem do longo prazo. Investimentos em ativos com vencimento para mais de dois anos é temerário no atual momento.

Diante do cenário pré-eleitoral, da pandemia de covid inacabada, do pessimismo do mercado, os investimentos em prazos curtos (até 2 anos), atrelados ao IPCA (inflação) devem oferecer um rendimento maior, mas não descartaria um CDB prefixado com taxa superior a 12% (difícil encontrar).

segunda-feira, 5 de julho de 2021

O jogo só acaba quando termina

Creso foi o último Rei da Lídia, região que hoje compreende a parte ocidental da Turquia. Viveu no século VI a.c. e foi considerado o homem mais rico do mundo daquela época, graças as minas de ouro do reino. Conta-se que Sólon, um dos sete sábios da Grécia, conhecido pela sua sabedoria, moral ilibada, dignidade e inteligência, visitou Creso em Sardes, cidade da Lídia, mas não ficou surpreso com a riqueza e nem demonstrou a menor admiração pelo rei. Enfurecido Creso perguntou se Sólon havia conhecido homem mais feliz que ele. Sólon respondeu não podia admirar a felicidade de um homem porque no decorrer do tempo essa felicidade poderia sofrer mudança, uma vez que o futuro é incerto e ainda não tinha chegado. O equivalente moderno das palavras de Sólon é “nada está acabado até acabar” ou como dizia Vicente Matheus, ex-presidente do Corinthians, “o jogo só acaba quando termina”.

 Até por volta de 550 a.c. o reino da Lídia fazia fronteira com o Império Medo ou Média, que por essa época foi tomado pelo exército de Ciro, o Grande. Diante do domínio dos Persas sobre o povo Medo, Creso procurou tirar proveito da situação para expandir suas fronteiras para leste. Sabendo que teria inevitavelmente de enfrentar os Persas, antes de confrontá-los enviou um mensageiro ao Oráculo de Delfos consultando sobre êxito das suas intenções de tomar as terras dos Medos. O Oráculo respondeu que se atravessasse o rio Hális, fronteira natural entre os reinos, com seu exército, acabaria por destruir um império.

Sólon havia dito a Creso, sobre sua riqueza e esplendor, que tudo que vem com auxílio da sorte pode ser tomado pela própria sorte (em geral, rápido e inesperadamente). Sólon também teria dito que não importa com que frequência algo tem êxito se o fracasso tem um preço excessivamente elevado.

Incentivado pela profecia do Oráculo, Creso avançou com seu exército, atravessou o rio Hális e tomou parte das terras dos Medos. Sabendo do ocorrido, Ciro, o Grande, reuniu suas tropas e atacou as forças lídias que sofreram perdas significativas, retornando para Sardes. Esta derrota implicaria que a profecia do Oráculo fosse na realidade cumprida, mas ao contrário do que Creso tinha imaginado, ou seja, ao cruzar o rio Hális, Creso levou à queda de um império, o seu. Em 546 a.c. Ciro dominou a Lídia e Creso foi morto na fogueira. Antes de morrer, Creso teria gritado: “Sólon, você tinha razão”.

Hoje, muitas pessoas no Brasil, principalmente as vacinadas contra covid, tem se comportado como Creso, apesar do futuro incerto da pandemia. Ouço diariamente pessoas dizendo que já tomaram as duas doses da vacina e, por isso, estão imunizadas, não precisam do distanciamento, podem aglomerar e não usam máscaras. Se Vicente Matheus estivesse vivo diria que a pandemia de covid só acaba quando termina.