segunda-feira, 12 de julho de 2021

Onde investir em renda fixa com vencimento até 2 anos

O boletim Focus do Banco Central mostra projeções da expectativa do mercado para a inflação (IPCA), câmbio, preços administrados, meta Selic e outros índices. Segundo o último relatório Focus do dia 12/07/2021, a taxa SELIC deve chegar a 6,63% até o final de 2021 e se manterá neste patamar em 2022 com ligeira alta. Já o câmbio deve fechar o ano no nível de R$ 5,05 por dólar.

 

2021

2022

2023

IPCA

6,32

3,71

3,25

Câmbio

5,05

5,20

5,00

Meta SELIC

6,63

7,00

6,50

IGPM

18,35

4,60

4,00

Preços Administrados

9,70

4,50

3,75

Taxas projetadas pelo Relatório Focus do BC de 12/07/2021

O IBGE anunciou o IPCA do mês de junho de 2021 em 0,53%. Com isso, a inflação dos 12 últimos meses está no patamar de 8,35%, bem superior ao esperado, ocasionando pressão sobre os juros de curto prazo. Essa persistência da inflação em patamares elevados gerou nos últimos meses altas sucessivas da Selic, hoje em 4,25%, e provocou um sentimento de insegurança sobre possíveis desestímulos na economia para conter a inflação. Contudo, a curva de juros de longo prazo (que indica o nível de incertezas para o futuro) já é perceptível essa tendência com os juros DI com vencimento em 2027 saltando de 6,40% para 8,60%.

Se o COPOM aumentar a SELIC para 6,50% até o final de 2021 e mantiver a mesma taxa em 2022, o CDI terminará no ano de 2021 (acumulado) em 4,05% e manterá próximo de 6,50% em 2022, projetando uma taxa mensal de 0,52%.

Alguns analistas do mercado financeiro já trabalham com uma projeção de 8,50% para a taxa de juros. Outros acreditam que a taxa não passará de 7,50%, mas será superior a taxa de 6,50% projetada pelo Banco Central há uma semana atrás. Acredita-se que por causa da inflação e das eleições no ano que vem, os juros devem precificar para cima, principalmente se um candidato com visão mais socialista ganhar a eleição. No entanto, lembre-se que juros elevados é a principal medida do Banco Central para conter a inflação, mas por outro lado inibem o crescimento do País (PIB).

Considerando que o País tem passado continuamente por diversas crises desde o primeiro presidente (Marechal Deodoro) e que elas são de natureza moral, política, fiscal e econômica, pode-se afirmar, sem pestanejar, que o futuro do Brasil é incerto e sempre será. A instabilidade política e econômica atual não permite cravar uma inflação perto da meta projetada, e consequentemente, a precificação dos juros para cima é inevitável.  

Observando os ativos de renda fixa, de emissão bancária, ofertados pelo mercado no mês de julho, verifica-se uma maior oferta de ativos pós-fixados em CDI e de prefixados e uma pequena oferta de ativos atrelados ao IPCA. Isto deixa claro que as instituições bancárias estão céticas em relação a uma inflação em torno de 6,30% ao final de 2021 e mais descrentes ainda com a taxa projetada de 3,75% para 2022. A tabela abaixo mostra as taxas médias de CDB, LCI e LCA ofertados em 12/07/2021 pelo mercado de renda fixa, com vencimentos em 1 e 2 anos.

Ativo

Vencimento em 12/07/2022

Vencimento em 12/07/2023

 

Prefixado

Pós – CDI

IPCA+fixo

Prefixado

Pós - CDI

IPCA+fixo

CDB

8,00%

125%

Ipca+2,10%

9,55%

130%

Ipca+3,80%

LCI / LCA

7,00%

102%

Ipca+1,15%

7,70%

105%

Ipca+2,50%

Taxa média dos ativos com mais retorno em 12/07/2021

Em um artigo publicado neste blog em março passado, recomendei que os investidores aplicassem no curto prazo, no máximo dois anos diante das incertezas que atravessam o País e fugissem do longo prazo. Investimentos em ativos com vencimento para mais de dois anos é temerário no atual momento.

Diante do cenário pré-eleitoral, da pandemia de covid inacabada, do pessimismo do mercado, os investimentos em prazos curtos (até 2 anos), atrelados ao IPCA (inflação) devem oferecer um rendimento maior, mas não descartaria um CDB prefixado com taxa superior a 12% (difícil encontrar).

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