A maioria das pessoas, até o final século IX, usava apenas
um nome. Entretanto, a realeza, nobres, sacerdotes e alguns burgueses usavam
mais de um nome (nome e sobrenome) que serviam como referência da linhagem do
indivíduo. Quando a população começou a aumentar, os nomes não eram
mais suficientes para distinguir indivíduos homônimos. E aí surgiu um problema que
foi parcialmente resolvido com a adição de informações descritivas ao primeiro
nome da pessoa. Esse
processo levou dois ou três séculos. Somente
após o início do Concílio de Trento (
Não é possível precisar um século ou um ano exato em que ocorreu a adoção de sobrenomes. Contudo, percebe-se que os sobrenomes portugueses originados sobretudo após o final do século X sofreram diversas influências, sendo quatro delas mais comuns. Essas quatro influências classificam os sobrenomes em patronímicos (relativo ao nome do pai ou de ascendentes de família), toponímicos (geográfico), descritivos (alcunha ou apelido) e ocupacionais (profissão). Por exemplo, João filho de Zebedeu é classificado como patronímico, enquanto que João de Aveiro, ou seja, João da vila Aveiro é um toponímico. O nome João Magro, baseado na qualidade de magro, é classificado como descritivo ou apelido, enquanto João Sapateiro, baseado na profissão, é classificado como ocupacional.
O primeiro indivíduo com sobrenome Castro que se tem notícia é Rodrigo Fernandes de Castro, “El Calvo” (1100-1143), senhor de Castro Xerez. Então seu sobrenome é classificado como de influência geográfica tendo sido tomado da vila Castro Xerez. Foi um homem rico e um dos mais influentes magnatas do século XII no Reino de Castela e Leão. Dele descendem quase todos os Castro da península Ibérica.
A primeira linhagem dos Silva é bem antiga e provém dos Godos. Pelaio Guterres da Silva (1000 – ?) foi um nobre medieval de Portugal, tendo sido senhor da Torre Silva e do Castelo de Alderete. Seu sobrenome também é classificado como de origem toponímica. Contudo, José de Castro e Silva, genearca da família no Ceará não descende dessas linhagens. Então, qual a razão de ter adotado os toponímicos Castro e Silva?
Se José de Castro e Silva tivesse adotado o sobrenome do pai, Manoel Dias da Ponte, seus descendentes teriam um outro nome de família (Ponte). Se inserisse o sobrenome da mãe, o nome de família poderia ter sido Lopes da Ponte ou Feijó da Ponte. Seu pai, Manoel Dias da Ponte, casou com Maria Lopes Feijó em 1702 na Vila da Ribeira Grande, Ilha de São Miguel, Açores.
O avô por parte de pai de José de Castro e Silva chamava-se Manoel Dias da Ponte Paião. O padrinho de batismo de seu pai, Manoel Dias da Ponte, foi José da Silva, mancebo solteiro, como atestava o assentamento paroquial e concunhado do seu avô. Moravam na mesma vila e essa possível proximidade fez com que José da Silva mantivesse vínculo estreito com a família do seu concunhado, a ponto de ser escolhido como padrinho do filho deste. Assim, a melhor suposição para explicar a origem do nome do açoriano José de Castro e Silva é que seu pai tenha escolhido o nome como uma homenagem ao seu padrinho.
Mas permanece por esclarecer a inserção do toponímico Castro no sobrenome. Manoel Dias da Ponte teve um irmão chamado Antonio Dias da Ponte que casou em 1701 com Thereza da Costa Columbreiro. Este casal teve uma filha que veio a se chamar Thereza Clara de Castro, portanto, prima de José de Castro e Silva. Qual a razão do surgimento desse novo toponímico? A explicação talvez esteja no patronímico Columbreiro, onde o sobrenome Castro aparece em vários membros dessa família.
Essas são as explicações mais plausíveis sobre o motivo dos
pais de José de Castro e Silva terem adotado esse nome para o filho, tão
diferente dos seus antepassados. Aqui no Ceará, os descendentes do açoriano
José de Castro e Silva formaram uma família numerosa, com força política e
financeira, juntamente com a família Alencar, que influiu nos destinos da
Província, principalmente no período de
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