sábado, 13 de julho de 2024

A Estratégia Dividir para Liquidar

 Quem trabalhou algum tempo com programação de computadores certamente ouviu falar da expressão “Dividir para Conquistar”. É uma estratégia e também um paradigma algorítmico semelhante ao paradigma da Programação Dinâmica. Envolve quebrar um problema complexo em partes menores e mais fáceis de lidar, a fim de resolvê-lo de forma mais eficaz. Essa abordagem é comumente usada em diversas áreas, como na resolução de problemas matemáticos, de engenharia e até mesmo em estratégias políticas e militares. Ao lidar com um desafio, ao invés de tentar resolvê-lo como um todo, a estratégia de dividir para conquistar sugere abordar cada parte separadamente para alcançar a solução geral. Um algoritmo de dividir para conquistar típico resolve um problema em três etapas. A primeira é dividir, isto é, quebrar o problema em subproblemas que sejam partes menores do mesmo problema. A segunda é conquistar, ou seja, resolver os subproblemas recursivamente. E a terceira é resolver os subproblemas como problemas base, caso eles sejam suficientemente pequenos. 

O termo, embora já conhecido na Antiguidade, foi cunhado pelo imperador romano Júlio César (divide et impera) em seu livro “De Bello Gallico” (Guerra das Gálias), que explicou como a vitória romana na guerra gaulesa era essencialmente uma política de dividir seus inimigos, aliar com tribos individuais durante suas disputas com adversários locais. Essa estratégia também foi utilizada pelo imperador francês Napoleão (divide ut regnes).

A estratégia “Dividir para Liquidar” apresenta uma abordagem semelhante a anterior. A palavra Liquidar tem a mesma etimologia da palavra Liquidez, do Latim Liquidare, de liquidus, “fluido, umidade, líquido”, de liqui, “derreter, escorrer, fluir”. Então essa estratégia envolve a divisão do problema para se ter liquidez ou para liquidar como “limpar uma dívida, quitá-la, enxugá-la”. Esta estratégia pode ser aplicada em uma carteira de investimentos financeiros, por exemplo.

Investidores devem sempre observar o tripé Rentabilidade, Liquidez e Segurança em suas aplicações financeiras. Rentabilidade, liquidez e segurança são conceitos-chave em finanças e investimentos. Ao investir, é essencial encontrar um equilíbrio entre os três com base em seus objetivos financeiros, tolerância ao risco e horizonte de investimento.

A Rentabilidade refere-se ao potencial de ganho ou retorno financeiro que um investimento pode proporcionar ao investidor. Investimentos com maior potencial de rentabilidade geralmente vêm acompanhados de um nível mais elevado de risco. É importante considerar a relação entre risco e retorno ao tomar decisões de investimento.

A Liquidez refere-se à facilidade com que um investimento pode ser convertido em dinheiro sem perda significativa de valor. Investimentos líquidos podem ser rapidamente convertidos em dinheiro, enquanto investimentos menos líquidos podem levar mais tempo ou resultar em perdas financeiras ao serem resgatados antecipadamente.

E por fim a Segurança refere-se à proteção do capital investido contra perdas. Investimentos considerados seguros geralmente têm um risco mais baixo associado a eles, como investimentos em títulos do governo, contas de poupança e CDB (Certificado de Depósito Bancário), estes dois últimos garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). A segurança é um aspecto fundamental a ser considerado na construção de um portfólio de investimentos equilibrado.

Muitas vezes os investidores conseguem bons investimentos que oferecem somente dois dos aspectos ou conceitos citados. Por exemplo, conseguem uma boa rentabilidade em um produto com proteção do capital, isto é com segurança. Porém a liquidez fica a desejar, resultando dificuldades em converter rapidamente em dinheiro o valor investido.   

A ideia da estratégia “Dividir para Liquidar’ é obter uma pseudo liquidez de forma que o investidor consiga encontrar o equilíbrio entre os três aspectos-chave. Imagine um investidor de nome Patinhas que aplique seu dinheiro em renda fixa, CDB, por exemplo. O mercado financeiro oferta CDB com resgate diário ou com resgate somente no vencimento. Os CDBs com resgate diário oferecem rentabilidades menores que os de vencimento. Então, Patinhas sempre irá aplicar em CDBs com resgate no vencimento. Imagine que Patinhas tem um capital, por exemplo 21 mil reais, que possa dividir esse montante em pequenas partes de mil reais. Patinhas poderá escolher um período de um ano para resgatar seu CDB. Ele tem duas alternativas. Uma aplicar todo seu capital em um único CDB que será resgatado daqui a um ano. A outra é aplicar diariamente mil reais durante os 21 dias úteis do mês, que será resgatado diariamente, durante 21 dias, após um ano.

A primeira vista pergunta-se: qual a vantagem dessa estratégia? Nenhuma. Porém se Patinhas usar essa estratégia diariamente durante algum tempo, por exemplo, um ano, ele ao final terá liquidez diária dos pequenos capitais investidos. Agora imagine que  Patinhas possa fazer novos aportes a sua carteira (esse cara ganha dinheiro, hein!) no decorrer do ano. Ele sabe que o ano tem 252 dias úteis, podendo aplicar mil reais em cada dia e, a partir daí, os juros compostos fazem seu trabalho de aumentar o capital do Patinhas. Após um ano, Patinhas terá liquidez diária, não de todo seu capital empregado, mas de parte dele. Então, essa estratégia requer tempo para o investidor obter resultados, mas poderá ter rentabilidade, segurança e liquidez do capital investido.

domingo, 14 de abril de 2024

Não existe a "Grande Tacada"

A expressão "grande tacada" pode ser usada para descrever momentos de sucesso excepcional nas finanças. Porém, é importante reconhecer que tais momentos são geralmente raros e não devem ser vistos como a norma. A probabilidade de um evento significativo resultar em ganhos financeiros consideráveis é muito, muito pequena. Ganhar na mega sena ou qualquer outro jogo de loteria é quase impossível (probabilidade de ganhar na mega sena é de 1 para 50.063.860). Portanto, o trabalho é a principal fonte de resultado financeiro e vai permanecer dessa forma durante muitos anos. O sucesso financeiro geralmente é construído ao longo do tempo, com paciência, disciplina e diligência, investindo de forma diversificada, evitando perda permanente de capital e mantendo o patrimônio investido ao longo dos anos – isso que fará a diferença.

O exercício de alocar (poupar) recursos é muito mais sobre disciplina do que qualquer outro fator. Aportes mensais, poupar recursos, gastar menos do que ganha, não ter dívidas, tudo isso seria o ideal. Algumas práticas fundamentais para uma saúde financeira sólida são:

1. Aportes mensais: Investir regularmente uma parte dos rendimentos é uma maneira eficaz de construir riqueza ao longo do tempo. Isso pode ser feito através de investimentos em títulos públicos, fundos, imóveis, entre outros veículos de investimento.

2. Poupar recursos: Ter uma reserva de emergência é essencial para lidar com imprevistos financeiros, como despesas médicas inesperadas ou perda de emprego. Economizar regularmente uma porcentagem da renda pode ajudar a construir essa reserva ao longo do tempo.

3. Gastar menos do que ganha: Viver dentro dos meios que ganha é fundamental para evitar dívidas e manter uma vida financeira saudável. Isso significa não gastar mais do que se ganha e ter controle sobre os gastos.

4. Não ter dívidas: Evitar dívidas desnecessárias e pagar as dívidas existentes de forma consistente são passos importantes para garantir estabilidade financeira. Isso inclui evitar o acúmulo de dívidas de cartão de crédito com juros altos e priorizar o pagamento de empréstimos com taxas de juros mais elevadas.

Seguir esses princípios básicos pode ajudar a construir uma base financeira sólida e alcançar os objetivos de longo prazo, como aposentadoria confortável, compra de uma casa ou educação dos filhos.

O Brasil é um país emergente que por definição é mais pobre. Contudo, esse ideal, ou seja, esse exercício financeiro não é uma realidade neste País para muitos o discurso do “corte o café e economize” não é funcional. Assim sendo, aproveite a vida, mas tenha responsabilidade fiscal. Creio que essa é a mensagem central deste artigo.

Assim como você cuida da sua saúde para viver mais, também deveria cuidar das finanças para viver melhor. Pense nisso.

quarta-feira, 27 de março de 2024

Eram nossos antepassados falecidos anjos da guarda?

Parafraseando Erich Von Daniken, seriam nossos ascendentes falecidos os anjos da guarda?

Não há evidências concretas ou consenso científico sobre a existência de anjos da guarda ou sobre os antepassados assumirem essa função. A crença em anjos da guarda é, em grande parte, uma questão de fé e espiritualidade, variando entre diferentes religiões e culturas. Alguns podem acreditar que os antepassados falecidos possam vigiar e proteger seus entes queridos, enquanto outros podem acreditar em outras formas de intervenção divina ou proteção espiritual.

Em quase todas religiões que descendem de Abraão, um anjo é um servidor de Deus, um ser puramente espiritual. Tanto no Cristianismo quanto no Judaísmo e no Islamismo existe a figura do anjo ou do arcanjo. Nessas religiões, os anjos da guarda protegem cada um dos fiéis.

É difícil imaginar a quantidade necessária de anjos para proteger bilhões de fiéis espalhados pelo planeta. Mesmo que essa quantidade necessária fosse na casa de milhões, por exemplo um milhão de anjos, eles teriam um trabalho hercúleo para proteger algo em torno de 5.000 fiéis para cada anjo.

Aqueles que acreditam que os antepassados falecidos protegem seus entes queridos se deparam com outra questão. Existe vida após a morte?

A questão sobre a vida depois da morte é um tema debatido há milênios e não existe uma resposta definitiva. Dependendo da sua fé, crenças ou filosofia, as respostas podem variar.

Para algumas religiões, como o Cristianismo, Islamismo e Judaísmo, acredita-se na existência de um plano espiritual após a morte, onde a alma é julgada de acordo com suas ações nesta vida. Para outras religiões, como o Hinduísmo e Budismo, acredita-se em reencarnação, onde a alma renasce em um novo corpo.

Por outro lado, existem pessoas que acreditam que a morte é o fim absoluto da existência, e que não há nada além disso. Essa visão é baseada em perspectivas científicas e filosóficas, que consideram a morte como o fim definitivo da consciência.

No final das contas, a resposta para a pergunta sobre a vida após a morte é um mistério que cada pessoa precisa explorar por si mesma, e pode variar de acordo com suas crenças pessoais.

Contudo, várias pessoas têm relatado situações de perigo iminente ou de desespero, que poderiam causar acidentes ou até morte, mas que algo as impediu que a situação fosse concretizada. Seriam seus antepassados falecidos protegendo-as? Creio que sim.